Editorial - Pouca gente, muito carro

quarta-feira, 14 de abril de 2010
por Jornal A Voz da Serra

NÃO CHEGA a surpreender a nota publicada na coluna de Giusepe Massimo , na edição de sábado de A VOZ DA SERRA: o número de veículos em Nova Friburgo passa da casa dos 70 mil, para uma população de 178 mil habitantes. Uma média digna de países ricos. Porém, para os friburguenses, tal quantidade é sinônimo de problemas e mais problemas.

A CADA dia aumenta a lista de obstáculos enfrentados pelos pedestres e motoristas de Nova Friburgo devido ao indisciplinado tráfego de veículos no centro da cidade. As dificuldades estão espalhadas por todas as ruas, impondo à comunidade uma difícil convivência, cuja solução depende de bom senso e vontade política de seus administradores. Devido ao grande número de veículos e à concentração verificada nas ruas centrais da cidade, o assunto ganha dimensão preocupante.

OS PROBLEMAS verificados no trânsito são de toda a ordem, quer por parte dos poderes públicos, quer pela própria comunidade, que, a seu modo, busca atenuar as dificuldades com o famoso ‘jeitinho brasileiro’. A criação de vagas ‘cativas’ introduzida por alguns comerciantes com o uso de cones em frente aos estabelecimentos é prova cabal da falta de fiscalização do governo e de indisciplina de certos cidadãos,mesmo com o propalado ‘choque de ordem’ baixado pela Prefeitura.

ALGUMAS medidas implementadas pela autarquia de trânsito tentam minimizar os problemas existentes, mas ainda não foram suficientes para disciplinar o trânsito no município. As novas regras de carga e descarga de caminhões na avenida Alberto Braune, por exemplo, eliminaram, ou reduziram as inconvenientes filas duplas que prejudicavam o fluxo de veículos em toda a sua extensão. Porém, é preciso mais.

DESDE a sua criação, a Autran tem suprido a necessidade de fiscalização como pode. Seu quadro de pessoal é numericamente incompatível com as necessidades do trânsito friburguense, além das verbas sempre insuficientes para planejar harmoniosamente a relação entre os veículos e o cidadão, dimensionando de forma adequada a trânsito na cidade.

INÚMERAS cidades brasileiras já chegaram ao limite da saturação do trânsito e Nova Friburgo, se não planejar e investir no setor nos próximos anos viverá uma situação verdadeiramente caótica. Cabe, portanto, ao governo municipal, antecipar-se ao caos, iniciando desde já um trabalho que leve em consideração o crescimento da cidade e o número reduzido de vias públicas.

DEVIDO À sua característica de cidade turística, o município deveria, igualmente, oferecer um trânsito compatível com a sua proposta de receber bem o turista, vivendo bem. Para tanto, precisa de verbas para realizar tais mudanças, reforçando com recursos financeiros e humanos os projetos de grande interesse público que ainda não foram contemplados com a atenção que merecem. Por enquanto, Nova Friburgo está na contramão.

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