"SE EU DISSER que está bom é mentira.” Esta frase está na boca de muitos brasileiros que avaliaram 2014 e esperam para 2015 um ano de retração financeira, arrocho salarial e perspectiva de aumento do endividamento familiar. Ficou mais apertado o nó do endividamento. Dados do Banco Central mostram que os compromissos com cartões de crédito, cheque especial, empréstimos bancários, gastos com habitação e financiamentos rurais das pessoas físicas preocupam os cidadãos.
EMBORA GRANDE, os economistas reconhecem que o nível de endividamento das famílias está dentro do razoável se comparado ao de países como o Chile e os Estados Unidos, nos quais o nível de endividamento beira os 100%. A dívida do brasileiro passa de 20% do PIB (Produto Interno Bruto), a soma da riqueza produzida no país. O cartão de crédito continua como a principal fonte desse endividamento, utilizado por 63,1% das famílias analisadas, seguida pelo financiamento de carro (22,4%), carnês (15,6%) e financiamento de casa (15,1%).
ALÉM DAS DÍVIDAS, a população também convive com a alta dos alimentos, com a crise de energia e o perigo sempre presente da inflação. Na prática, a dona de casa, o trabalhador e o aposentado convivem com realidades diferentes das apresentadas pelo Palácio do Planalto, ainda que o quadro da economia tenha evoluído com mais renda e emprego formal.
A ARMADILHA DO CRÉDITO fácil está pegando os consumidores e os economistas temem agora a escalada do endividamento. Muita gente se deixa atrair pelas facilidades de acesso ao crédito e pelo alongamento das dívidas sem se atentar que os juros bancários no Brasil são muito altos. Quanto maior for o prazo, mais cara será a dívida.
O CENÁRIO não é muito animador. As elevadas taxas de juros e o fim das reduções de impostos oferecidas pelo governo federal estão afastando o consumidor das compras a prazo e sinalizam que o ano não promete facilidades. Poupar e pechinchar ainda são a melhor solução. Porém, falta dinheiro e os sinais de aumento da renda nacional ainda ficam por conta das estatísticas, e não do que realmente se passa no seio da família brasileira.
A SOLUÇÃO no momento é pisar no freio do consumo e aguardar oportunidades que sejam vantajosas, e não simplesmente se encantar com as facilidades do crediário a longo prazo. A hora, mais que gastar, é de economizar, evitando-se os supérfluos e focando os hábitos de consumo apenas nos itens indispensáveis, esperando o momento oportuno para fazer novas compras. E novas dívidas.
Deixe o seu comentário