DEPOIS DE um longo período de silêncio, a presidente da República Dilma Rousseff fez, na noite do último domingo, 8, um pronunciamento à nação em rede nacional por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Em sua fala de quase 15 minutos, a presidente emitiu sinais de como pretende conduzir as prioridades do início do segundo mandato.
PARA DILMA, o desafio passa a ser a busca do reequilíbrio fiscal, para que a partir daí o governo possa perseguir a queda da inflação e das taxas de juros e a retomada do crescimento. Além do compromisso com a austeridade, ficou evidente na fala da presidente o desejo de reconquistar a confiança de quem produz.
TRATA-SE DE uma revisão de posturas em relação ao primeiro mandato. O projeto de compatibilização de receitas e despesas, que foi completamente desprezado nos últimos quatro anos, passa a ser um compromisso público da presidente da República. Até agora isso não estava muito claro, como se o ônus de medidas consideradas pouco simpáticas pudesse ser debitado somente ao ministro da Fazenda.
APESAR DE creditar as dificuldades econômicas por que passa o país a fatores externos, como a crise internacional, deve ser reconhecida a sinceridade da presidente, admitindo finalmente que a economia vivia sob os riscos da irresponsabilidade fiscal, ao referir-se agora às primeiras ações na área como um "ajuste com medidas corretivas”.
MAS A CHEFE do Executivo não deixou a população fora do esforço para conter a crise econômica. Pediu paciência aos brasileiros. Disse ainda que o governo absorveu, até o ano passado, todos efeitos negativos da crise e que "agora” tem "que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade”, numa tentativa de ratear responsabilidades com quem, afinal, pagará a conta do desajuste fiscal proporcionado em seu primeiro mandato.
FICOU CLARO, no discurso presidencial, o esforço que o governo está empreendendo para retomar o diálogo construtivo com a sociedade. Decepcionada com a atuação do governo, os cortes do ajuste fiscal, as exclusões de benefícios sociais, a elevação da taxa de juros e, mais importante ainda, os escândalos de corrupção na política nacional, a população respondeu ainda na noite do pronunciamento. Gritos, vaias, panelaços e buzinaços foram ouvidos em algumas cidades do país durante o discurso da presidente.
JÁ O PT, conforme publicado no site do partido na madrugada de ontem, 9, afirma que o "panelaço fracassou”. A queda de braços entre a população e o governo, embora minimizada, mostra que ainda continuará por um bom tempo. O próximo round deverá ser neste domingo, 15, quando estão previstas manifestações contrárias ao governo em diversas cidades do país.
RESTA SABER se o pronunciamento do último fim de semana ofereceu sinais de que a retomada do bom senso pode substituir o populismo do primeiro mandato petista, do qual a população está insatisfeita.
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