INICIADA a temporada de publicação dos balanços das instituições financeiras relativos ao exercício de 2009, o Banco do Brasil registrou no ano passado o maior lucro da história do setor (R$ 10,148 bilhões), superando a marca detida até então pelo Itaú Unibanco, com R$ 10,067 bilhões em 2008, considerando os bancos brasileiros de capital aberto.
NA ESTEIRA dos lucros estratosféricos do maior banco do país seguem o Bradesco e o Itaú/Unibanco. As três instituições financeiras ocupam as primeiras posições no ranking de maiores lucros do setor, de acordo com cálculos da Economática. , efetuados com os resultados ajustados pela inflação medida pelo IGP-DI até dezembro passado. A ciranda financeira gira sem se preocupar com sobressaltos. A economia por vezes vai mal, mas os bancos estão sempre bem.
SEJA COM inflação baixa ou alta, juros em queda ou subindo, população com renda menor, desemprego, economia patinando em termos de crescimento, PT ou PSDB governando o país, pelo menos uma coisa não muda no Brasil: o lucro estratosférico dos bancos. Somente no primeiro ano do governo Lula, as cinco maiores instituições financeiras do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú e Unibanco) lucram cifras inimagináveis.
NÃO CUSTA nada lembrar que o setor bancário era o que mais temia a chegada de um partido de esquerda ao poder. Especulavam, no início da década, sobre a criação de impostos sobre seus ganhos, que seriam destinados a programas sociais num governo mais voltado para o bem-estar. Como se vê, nada mudou. Ou melhor: para os bancos, mudou para melhor.
DE ACORDO com analistas financeiros, os bancos ganham muito porque o governo depende dos pés à cabeça destas instituições para se financiar. Grande parte dos recursos dos bancos é emprestada ao governo E, em troca, recebem títulos públicos federais, que pagam juros altíssimos, atualmente na casa de 16,5% ao ano.
OS BANCOS são os donos do jogo. O governo tem que pagar juros altos para poder continuar contando com estes recursos. Em outros países do mundo, o dinheiro emprestado pelos bancos ao governo é apenas uma fonte complementar de recursos. Aqui não. Sem os recursos dos bancos, o governo fica na pior. Nenhuma outra atividade oferece um ganho tão expressivo. No exterior, quando uma empresa apresenta margens de lucro de 6%, 7% ou 8% sobre o patrimônio líquido já é uma festa. A questão é que os bancos brasileiros têm tarimba para lucrar com qualquer cenário econômico.
PARA COMPENSAR qualquer perda, os bancos mexem e remexem nas tarifas que cobram do cliente para emitir um talão de cheques, cuidar da conta ou fazer uma transferência entre contas. Como o Banco Central não fiscaliza ou estipula preços de tarifas, cada um cobra o que quer. Cabe ao cliente escolher a tarifa mais baixa. Mas, como trocar de banco no Brasil dá trabalho, muita gente nem olha o quanto está pagando. O resultado é que as tarifas continuam altas.
O AJUSTE feito pelos bancos para não diminuir os lucros reflete, evidentemente, no bolso do consumidor, e na transferência dos serviços para máquinas eletrônicas, desestimulando qualquer integração com seus clientes. O resultado é observado nas intermináveis filas, no atendimento despersonalizado e na indiferença. Os exemplos estão espalhados por todas as agências, inclusive as de Nova Friburgo. O governo, indiferente, segue em frente, felizmente para o bem dos bancos, conforme demonstram os lucros, e o azar dos correntistas.
Deixe o seu comentário