O PACOTE DE vantagens para parlamentares anunciado nesta semana pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), causa compreensível indignação nos demais brasileiros no momento em que a inflação dispara, os preços sobem e todos se veem na contingência de apertar os cintos. Por mais que se queira valorizar o Legislativo, não há como deixar sem crítica tamanha insensibilidade.
FAZEM PARTE dos benefícios anunciados pelo deputado Eduardo Cunha o famigerado auxílio- moradia, o aumento da verba de gabinete, a Cota para exercício da atividade parlamentar e a liberação de passagens aéreas para cônjuges de deputados — que custarão R$ 112,7 milhões aos cofres públicos, apenas neste ano.
AS NOVAS medidas entram em vigor no próximo dia 1º de abril — data folclórica tida como o dia da mentira — que evidencia ainda mais o descompasso entre os cidadãos que pagam impostos e os políticos que os representam. A malfadada tentativa de debitar na conta do contribuinte as passagens para maridos e esposas foi tão acintoso que tal prerrogativa foi descartada em tempo hábil.
A MESA DA Câmara informa que não está havendo reajuste, mas apenas correção inflacionária para que os parlamentares possam "pagar condignamente” os servidores de seus gabinetes. Cada deputado passará a contar com R$ 92 mil mensais para pagar funcionários. Tal argumentação até poderia ser aceita se o país não estivesse passando por uma crise e os cidadãos compelidos a adotar medidas de austeridade.
O MANDATO não pode ser utilizado para livrar seus portadores do sacrifício coletivo. Em vez de tratarem apenas dos seus bolsos, os parlamentares deveriam se antecipar às críticas populares, propondo medidas que cuidem do bem-estar da população, atuando firmemente na obtenção de melhorias para a saúde e a educação, como exemplos de sintonia com aqueles que os elegeram.
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