Editorial - Mesmas letras

quarta-feira, 24 de junho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

SOLIDÁRIO e fraterno foi o gesto da Biblioteca de Nova Friburgo, através do titular o escritor Alvaro Ottoni, de doar 890 livros à Biblioteca de Kuito, no Bié, uma província de Angola, cuja área tem o formato de um coração e encontra-se no próprio centro geográfico do país, a 1600 metros acima do nível do mar. Trata-se da província mais atingida pela sangrenta guerra civil angolana que terminou em 2002, agora em fase de reconstrução.

COM O MESMO objetivo de estimular e promover o hábito da leitura as duas bibliotecas se uniram através dos livros numa atitude de fraternidade que transpõe o Atlântico, interligando através da língua portuguesa friburguenses e angolanos. Mais uma vez o livro é destacado no cenário cultural do município e a expansão da leitura está sendo possível graças à sensibilidade do governo em compreender sua importância na formação das gerações.

A PROPOSTA do governo de implementar a leitura no município através de um Plano Municipal de Leitura tem o seu valor principalmente considerando o livro como instrumento de aprimoramento da cidadania e da formação educacional dos povos. O interesse da Biblioteca Municipal atende à carência da população quanto ao acesso aos livros, hoje infelizmente ainda limitados à única instituição pública aberta, no Centro.

O INCENTIVO do governo municipal chega em boa hora, quando se constata a falta de hábito de leitura do cidadão brasileiro, que mal chega a ler dois livros por ano. O estímulo seria no sentido de mudar esta realidade. Todos sabemos como a criação de hábitos de leitura nas nossas crianças e jovens é importante e que são lacunas desta área as geradoras de muitos problemas de natureza mais abrangente que afligem o panorama da educação no país, e também em Nova Friburgo.

A CRIANÇA, ao ser alfabetizada e tomar os primeiros contatos com a leitura e a conviver com os livros, não terá dificuldades para selecionar e se aproveitar do saber que está nos livros. Se não ocorrer esta informação inicial, o hábito de leitura será um grande sacrifício, e a saída será o escapismo imediato da Internet ou da reprodução xerográfica resumida, sem atingir o grande universo formador que só o livro pode dar.

MEDIDAS que tornem o livro mais disponível podem ser adotadas pelo poder público municipal. No caso friburguense, a falta de bibliotecas nos bairros é um desestímulo à leitura e tal realidade precisa ser revertida. A Biblioteca Municipal não consegue, sozinha, suprir a carência dos estudantes e muitos não tem acesso aos livros devido à distância entre seus bairros e o centro da cidade e o custo da passagem. A inclusão da leitura e do livro como proposta do governo Heródoto é um benefício de longo prazo para as gerações e um avanço cultural sonhado por todas as cidades.

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