EDITORIAL - Mão e contramão

domingo, 22 de junho de 2014
por Jornal A Voz da Serra

O COMEÇO da alta temporada serrana, que se inicia oficialmente neste 21 de junho com a chegada do inverno, cria uma expectativa positiva para o setor turístico friburguense, com a possibilidade da realização de eventos artísticos, culturais e gastronômicos que atraiam um público para a região. Nova Friburgo, anualmente, aproveita o frio como fator de promoção da cidade e obtém com isso bons resultados para a sua economia.

EMBALADO no frio do inverno e consciente de sua responsabilidade social, o Sesc já está anunciando a nova versão do festival de inverno que anualmente realiza aqui, em Petrópolis e em Teresópolis. De 26 de julho a 10 de agosto, a cidade vai conviver com o saudável clima de arte e cultura através de uma programação caprichada e eclética. Durante quinze dias, muitas atrações passarão pelas três cidades, oferecendo o que confirma o slogan dos organizadores: o melhor das artes no maior festival da serra. 

É INEGÁVEL o apoio sociocultural que a entidade vem prestando há muitos anos, apesar de tantas pressões existentes contrárias às atividades sociais levadas a uma grande parcela da população. O Festival de Inverno é mais um exemplo de tantas realizações bem-sucedidas que contribuem efetivamente para a cultura brasileira — e Nova Friburgo só tem a ganhar com ele.

PROMOÇÕES com este nível levam otimismo para o setor turístico, que neste período movimenta a cidade com o festival e com outros eventos que atraem milhares de turistas, além dos friburguenses. Tradicionalmente, a estação possibilita ao município uma excelente oportunidade de negócios. O Sesc caminha na mão do progresso e da valorização da autoestima da população.

NA CONTRAMÃO das boas realizações, a Prefeitura não se manifestou sobre o calendário turístico da estação, que deveria prever também a realização do festival de inverno local. Lançado pioneiramente no interior do estado no governo do ex-prefeito Paulo Azevedo, o festival levava milhares de aficionados ao Parque São Clemente com uma programação de alto nível organizada pela produtora Dell’Arte. Na época, reunia nos jardins do parque um seleto grupo de músicos para deleite de turistas e moradores.

 COMO TUDO que é bom dura pouco, os dirigentes culturais foram deixando a ideia de lado, alegando dificuldades financeiras, e o que deveria se tornar um evento obrigatório do calendário friburguense, cambaleou entre as indefinições do governo municipal até sumir, dando cabo da elogiada promoção sem justificar os reais motivos da suspensão. Conclusão: mais uma vez a cidade confirmou a fama do "já foi” e do "já teve”.

EM QUE pese a indiferença do governo, setores culturais da cidade se esforçam e pressionam  para a manutenção do festival. Além disso, o setor do turismo só tem a ganhar, gerando empregos e movimentando a economia e deveria estar sintonizado com a cultura, apoiado pelo governo. Infelizmente, ainda não existe a sonhada identificação dos interesses e, para que isto aconteça, torna-se necessária a participação do poder público, interligando-se com a sociedade civil e colocando ao dispor os recursos necessários.

A ECONOMIA do turismo é muito forte e Friburgo precisa se beneficiar dessa condição. Os governantes devem ter como meta gerir os destinos da cidade, buscando a qualidade de vida da população e o equilíbrio ambiental, utilizando todas as formas de entretenimento. E o inverno significa um momento especial onde se pode combinar toda a generosidade da natureza friburguense com a arte e a cultura. Por que o governo não faz a sua parte?

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