Editorial - Letras doentes

quinta-feira, 08 de abril de 2010
por Jornal A Voz da Serra

DESDE junho de 2002 repousa na inércia da administração municipal laudo técnico da Fundação Instituto Oswaldo Cruz acerca do ar ambiente da Biblioteca Municipal de Nova Friburgo. Naquela época, técnicos já advertiam quanto à má qualidade do ar e os riscos à saúde de funcionários e de usuários daquela única biblioteca da cidade.

AVALIAÇÕES concluíram que aquele espaço deveria receber atenção especial prevenindo os riscos para a saúde humana e a salvaguarda do acervo dos mais de 35 mil livros e periódicos lá existentes. Pois bem, até o momento nada foi feito eliminando os fungos que assolam os livros e climatizando aquela repartição. Os riscos ainda persistem, provavelmente agora em maior grau de periculosidade e insalubridade.

A PREOCUPAÇÃO dos que amam os livros e aquela instituição quase sexagenária é visível e é compartilhada por milhares de frequentadores acerca das condições estruturais da biblioteca. Ela passa por momentos de dificuldades para a manutenção de seu importante acervo colocando em risco o patrimônio tão bem guardado ao longo dos anos, e objeto de permanente consulta por parte de estudantes e leitores em geral.

FUNGOS E umidade ambiental invadem impiedosamente os seus livros, privando as gerações de parte fundamental de sua formação educacional, hoje à mercê das substâncias que afetam a celulose do papel e diversos outros materiais presentes em todas as bibliotecas. De acordo com estudiosos, o clima do Brasil agrava o problema, pois o calor e a umidade favorecem a o desenvolvimento de fungos. E o inverno também é impiedoso.

MEDIDA preventiva foi tomada há alguns anos atrás, com o fechamento temporário das instalações do Pró Memória, anexo à Usina Cultural da Cenf, enquanto aguardavam uma solução para o grave problema dos fungos em suas instalações, vale dizer, dinheiro, verbas para a manutenção de toda a história de Nova Friburgo lá existente. Paralelamente, protegia-se a saúde dos funcionários e usuários, até que o ambiente de trabalho voltasse a se tornar seguro para continuar a desempenhar suas atividades.

O PATRIMÔNIO cultural de Nova Friburgo é um bem que não pode ficar sem o apoio das autoridades do município, do estado e do governo federal. É dever do Estado e de todos os cidadãos que precisam ter acesso aos livros. Além disso, devido à sua abrangência educacional , tornou-se referência para diversos municípios realizarem trabalho semelhante. Tais virtudes, por conseguinte, não podem prescindir de uma infraestrutura compatível com o material que conserva, em recursos humanos e bens materiais.

O ESFORÇO do governo municipal em criar a primeira secretaria municipal de Leitura do país não está sendo suficiente para zerar o déficit cultural do município com a formação de seus cidadãos. Por uma série de razões a cultura foi, para muitos governantes, o ‘patinho feio’ da administração. É preciso, portanto, reverter esta imagem negativa, oferecendo estrutura adequada para que todos tenham acesso aos livros, num ambiente devidamente protegido e saudável.

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