Editorial - Guardando o que sobrou

quarta-feira, 11 de novembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

EM BOA hora a Câmara Municipal aprovou projeto do Executivo disciplinando o tombamento por interesse histórico cultural de bens públicos ou particulares de Nova Friburgo. O projeto define os bens materiais que contenham referência “à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da comunidade municipal”. Assim, preserva-se o que ainda resta da história friburguense.

EMBORA temido, o tombamento não significa a perda do imóvel, podendo o proprietário transacioná-lo como quiser. Porém, como o tombamento foi feito para dignificar o elemento arquitetônico, garantindo a sua manutenção e preservação, este não poderá ser destruído ou descaracterizado. E qualquer obra de restauração do imóvel tombado deverá ser previamente aprovada. QUE O município sofreu ao longo dos anos um violento processo de descaracterização arquitetônica, imposto pelo crescimento econômico e pela expansão imobiliária, não resta dúvida. A cidade, com o desenvolvimento, viu desaparecer um bom pedaço de sua história, e, com a nova lei, será possível proteger melhor os bens patrimoniais que ainda restam.

A FALTA de políticas urbanas, somente agora disciplinadas através do Estatuto da Cidade, criado em 2001, e implementadas no Plano Diretor, deixou que as irregularidades fossem ocorrendo e não apenas os imóveis, mas áreas consideradas preservadas sucumbiram à lei do “progresso a qualquer custo”. É o que se vê por toda a cidade.

O ZELO pelo patrimônio histórico de Nova Friburgo vem sendo demonstrado pelas atividades do Pró Memória da Prefeitura que, a duras penas, guarda um inestimável acervo e torna-se um legado de toda a população independente da coloração partidária dos mandatários. O trabalho de documentação é reconhecido por historiadores e pesquisadores da vida friburguense e o seu acervo começa agora a ser disponibilizado na internet. Uma garantia de futuro e de democratização da informação.

ASSIM como faz com o Pró Memória, o governo tenta agora salvar o patrimônio histórico com tombamentos de bens, permitindo que Nova Friburgo mantenha o que sobrou de sua beleza arquitetônica, principalmente os que remontam a colonização. O progresso é inexorável e a cidade vem se preparando para tempos de crescimento e desenvolvimento. Porém, não pode deixar a sua tradição e a sua memória arquitetônica se perderem. A nova lei pode garantir essa preservação.

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