Editorial - Futuro na ponta da bala

terça-feira, 10 de novembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

NO MOMENTO em que os adultos discutem a segurança pública, ou a falta dela, apesar das declarações polêmicas do secretário Beltrame sobre a violência no Rio, levantamento realizado em ocorrências no Estado de São Paulo mostra que sete em cada 10 detidos por porte ilegal de arma são solteiros, e que a metade tem menos de 24 anos e não completou o primeiro grau. O perfil paulista também reflete com precisão a realidade das demais cidades brasileiras, das quais Nova Friburgo não se exclui.

TAIS números, segundo especialistas em segurança pública, evidenciam uma inadequação das campanhas sobre a violência, cujos apelos se dirigem ao público adulto e falham por não atingir os jovens, faixa mais envolvida nos crimes. Enquanto os adultos opinam entre a garantia constitucional ou as sombrias estatísticas que apontam um brasileiro assassinado por arma de fogo a cada 15 minutos, 100 pessoas por dia, 36 mil todos os anos, as crianças assistem a tudo sem compreender e os jovens ficam fora do debate.

NASCIDA sob o domínio da mídia eletrônica, a juventude cresce assistindo aos mais diferentes tipos de violência, do desenho animado à realidade dos telejornais, acostumando-se com a banalização da vida praticada hoje mundo afora. E, sem a devida formação, admite mesmo armar-se para se defender. É notório o envolvimento da juventude neste tema e, infelizmente, valoriza-se mais a morte que a vida, oferecendo ao jovem uma realidade bem diferente da qual deveria viver.

COMO detentor do uso legal da força, cabe ao governo propor políticas sérias e consistentes de combate à criminalidade, preenchendo, também, lacunas sociais históricas como a educação, a saúde, moradia e emprego. As crianças precisam enxergar um futuro melhor e os governantes não podem frustrar estas expectativas. É preciso investir muito mais do que hoje se gasta, para diminuir tantas diferenças e, se possível, a violência.

MAIS uma vez batemos na mesma tecla - a educação parece ser a solução de alguns dos problemas mais graves da atualidade, entre eles a violência. Somente pela educação, em sentido amplo, pelo combate à ignorância, é que poderemos criar condições de implantar nas mentes de todos a ideia de paz e de respeito aos direitos humanos e à natureza.

NESTES tempos de intolerância e agressividade, a educação é a alternativa, não para fazer milagres, mas para formar cidadãos em condições de enfrentar a crise em um mundo de incertezas e perplexidades. E os problemas podem começar a ser solucionados pela sua compreensão. Assim, é pela formação voltada para a valorização dos direitos humanos que se criarão novas perspectivas de vida e de convivência.

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