A RETIRADA de eucaliptos da Praça Getúlio Vargas — em torno de 40 árvores, decorrente da alegada insegurança para pedestres, usuários, moradores e comerciantes de seu entorno quanto ao risco de caírem em dias de ventania e tempestade — causou espanto, tristeza e indignação de muitos friburguenses. A centenária "Catedral dos Eucaliptos” perdeu seu principal encanto, que atraía e encantava moradores e turistas.
JUSTIFICATIVAS para o corte das árvores e a poda de galhos não faltaram por parte das autoridades, como o prefeito e a Secretaria de Meio Ambiente. Porém, a população questiona se tamanha "faxina” deveria mesmo ser efetuada desta forma, sem buscar avaliações de outros órgãos ambientais.
A INDIGNAÇÃO da população pode ser vista nos inúmeros comentários nas redes sociais, contrários ao corte, questionando a real necessidade e também o destino que irão dar à madeira extraída. Os internautas transmitem, com razão, a falta de comunicação das autoridades explicando as razões determinantes e as providências quanto ao futuro da área ora desmatada.
DE FATO, uma decisão tão impactante quanto o corte dos eucaliptos deveria ser precedida de um eficiente sistema de comunicação que levasse a população a compreender as razões técnicas, ao mesmo tempo em que deveria apontar um caminho para a restauração do local, oferecendo uma alternativa à altura do maior e mais importante logradouro público de Nova Friburgo, tombado pelo patrimônio nacional. Até agora, passado mais de dez dias do início dos trabalhos, ninguém deu as necessárias explicações.
SABEMOS QUE a restauração da Praça é um trabalho de médio e longo prazo. Demorará para que ela volte a exibir uma exuberância capaz de atrair novamente moradores e turistas ao então bucólico local — enquanto isso, estaremos convivendo com uma atmosfera desoladora e uma paisagem desfigurada.
NÃO ADIANTA, AGORA, lamentar o que foi feito. É preciso que as alternativas para abrandar a derrubada das árvores sejam realizadas de modo a agradar a população, compensando, na medida do possível, a perda deste encanto natural. O projeto paisagístico elaborado por Auguste Glaziou em 1881 — cartão-postal da cidade — foi mais uma vez alterado.
SÓ RESTA AGORA que as autoridades tenham um pouco mais de sensibilidade, sintonizando-se com os anseios da população e com o respeito pelo patrimônio municipal.
Uma ferida cujas cicatrizes demorarão algum tempo para serem sanadas. Para a tristeza de muitos.
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