NO INÍCIO do ano, as Nações Unidas comemoraram o Dia Mundial de Combate ao Câncer com o objetivo de chamar a atenção dos países para a importância da prevenção e tratamento da doença. E fez uma advertência preocupante: até 2010 a doença deverá se tornar a causa-mortis número um do mundo, ultrapassando as ocasionadas por problemas cardíacos.
ALÉM DA triste constatação, a crise econômica mundial veio somar mais problemas aos que dependem de tratamento da doença em todo o país, devido à falta de geradores de tecnécio-99m, um radiofármaco utilizado em mais de 80% dos exames diagnósticos de medicina nuclear nas áreas de cardiologia e oncologia. A falta decorreu da parada da produção canadense, que atende de 30 a 40% da demanda mundial do produto.
OS DOIS fatos ilustram com propriedade a complexidade da doença em todo o mundo e mostram que o tratamento não depende somente das decisões políticas e governamentais locais. São dificuldades estruturais num mercado de alta tecnologia, fechado e caro. O câncer, infelizmente, além das conseqüências individuais e familiares, é uma luta que o governo trava permanentemente através do Inca e de outras unidades no Brasil.
O DEBATE que a Câmara Municipal iniciou, na legislatura anterior, com a aprovação da instalação de Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), abriu a perspectiva de se tratar a doença no município, evitando-se os desgastes decorrentes da locomoção de pacientes do município e da região a outros centros. Porém, como se viu e se sabe, nada foi feito até o presente momento.
O CÂNCER não pode virar clichê político utilizado para atrair eleitores. Não se pode jogar com a doença como se fosse uma promessa eleitoral como tantas outras de menor complexidade, prometidas e não cumpridas. Talvez, agora, neste momento, seja a doença que mais ceifa vidas em todo o planeta. Não pode ser, portanto, massa de manobra para arroubos de governantes em períodos de eleição.
O ASSUNTO deve merecer a atenção que a doença exige e o trabalho dos vereadores, neste momento, é oportuno e pertinente, visando à redefinição das metas anteriormente aprovadas. Que busquem soluções futuras, construtivas, para não aumentar ainda mais o sofrimento dos que são obrigados a conviver com a doença. E não fiquem tão somente remoendo o passado.
Deixe o seu comentário