Editorial - Corda no pescoço

quinta-feira, 25 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

FICOU mais apertado o nó do endividamento das famílias brasileiras. Dados do Banco Central mostram que os compromissos com cartões de crédito, cheques especiais, empréstimos bancários, gastos com habitação e financiamentos rurais das pessoas físicas cresceram 19,7% no ano passado, somando R$ 637,3 bilhões.

EMBORA grande, os economistas reconhecem que o nível de endividamento das famílias está dentro do razoável se comparado ao de países como o Chile e os Estados Unidos, nos quais o nível de endividamento beira os 100%. A dívida do brasileiro passa de 20% do PIB (Produto Interno Bruto), a soma da riqueza produzida no país, estimada em R$ 3,130 trilhões.

ALÉM DAS dívidas, a população também convive com a alta dos alimentos, com a crise de energia e o perigo da inflação. Na prática, a dona de casa, o trabalhador e o aposentado convivem com realidades diferentes das apresentadas pelo Palácio do Planalto ainda que o quadro da economia tenha evoluído com mais renda, poupança e emprego formal.

A ARMADILHA do crédito fácil está pegando os consumidores e os economistas temem agora a escalada do endividamento. Muita gente se deixa atrair pelas facilidades de acesso ao crédito e pelo alongamento das dívidas sem atentar que os juros bancários no Brasil são muito altos. Quanto maior for o prazo, mais cara será a dívida.

O CENÁRIO não é muito animador. As elevadas taxas de juros e o fim das reduções de impostos oferecidas pelo governo federal durante a crise estão afastando o consumidor das compras a prazo e sinalizam que o ano não promete facilidades. Poupar e pechinchar ainda é a melhor solução. Porém, falta dinheiro e os sinais de aumento da renda nacional ainda ficam por conta das estatísticas e não do que realmente se passa no seio da família brasileira.

A SOLUÇÃO no momento é pisar no freio do consumo e aguardar oportunidades que sejam vantajosas e, não, simplesmente se encantar com as facilidades do crediário a longo prazo. A hora, mais que gastar, é de economizar, evitando-se os supérfluos e focando os hábitos de consumo apenas nos itens indispensáveis, esperando o momento oportuno para fazer novas compras. E novas dívidas.

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