Editorial - Confusão na grande área

terça-feira, 27 de maio de 2014
por Jornal A Voz da Serra

O MERCADO internacional de alimentos deu o sinal vermelho e o resultado caiu diretamente no bolso dos consumidores. Em um ano, o trigo praticamente dobrou de preço, impulsionado pelo menor nível de estoques mundiais dos últimos tempos. Trata-se da pior crise enfrentada pelo setor de massas, pães e biscoitos nos últimos anos.

POR CAUSA do mercado internacional, principalmente pela decisão da Argentina, a maior fornecedora de trigo dos moinhos brasileiros, pães, massas e biscoitos já apresentam aumento substancial, puxando a inflação e mantendo a taxa de juros lá no alto, conforme anunciado pelo Banco Central. O fantasma inflacionário fez com que medidas preventivas fossem tomadas, segurando a inflação e desgostando os consumidores, que pagam mais pelos produtos.

NA MESMA cadência, seguindo a onda de aumentos, outros produtos, como remédios, já estampam correções em suas embalagens, causando apreensão junto à população, principalmente os idosos. A alta é reflexo da conjuntura mundial e desse fenômeno não existem medidas protetoras. A guerra é para todos e cada governo deve tomar as suas próprias precauções.

MEDIDA pelo Índice de Preços ao Consumidor semanal (IPC-S), a inflação voltou a acelerar em sete das seis capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na segunda semana de abril. Em nenhuma capital o índice recuou. Ao contrário, as altas foram elevadas em Recife, Porto Alegre, Brasília, Rio e São Paulo e um pouco menos em Belo Horizonte.

A ELEVAÇÃO dos preços é o grande fantasma com o qual a presidente Dilma não contava. Viajando em céu turbulento, com índices de popularidade não tão altos, a mandatária não conseguiu realizar, por exemplo, o legado da Copa e o país conviverá com esta nova realidade, o que prejudicará, obviamente, os menos favorecidos. O dragão da inflação volta a assolar o Brasil.

NUM ANO DE eleições, os aumentos chegam em má hora, tirando o sossego daqueles que viam um horizonte sem nuvens pela frente. Culpados (muitos) ou inocentes (poucos), os políticos correm o risco de pagar a conta nas urnas. Para os governistas, é um problema que não havia sido previsto. Para os opositores, é a hora certa de responsabilizar e procurar, com isso, faturar mais alguns votos na corrida eleitoral.

A INFLAÇÃO não é boa para nenhum partido — e muito menos para o povo. Resta saber como as nossas autoridades vão se comportar frente ao ressuscitado problema. É uma queda de braços da qual só existe um perdedor: o consumidor brasileiro. Um gol contra nas nossas expectativas de desenvolvimento. Só nos resta, agora, torcer pela seleção nos gramados. E olhe lá.


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