Nova Friburgo aderiu ontem aos protestos que se espalham por todo o país. Junto às causas comuns a todos os brasileiros, temos também aqui os novos e velhos anseios friburguenses — que, inclusive, já foram pauta de vários e recentes protestos, que infelizmente não conseguiram reunir grande parcela da comunidade.
Vale dizer que o que está em andamento hoje no Brasil está em sintonia com uma mudança global e fundamental que ocorre na maioria das manifestações neste século XXI, que são desta vez muito mais plurais: em vez dos antigos sonhos messiânicos de alguns, nos quais uma liderança esclarecida guiaria a massa pelo vale das sombras, vemos hoje uma pluralidade de gente, de ideias, impossível de ser reduzida a uma unidade, mas que consegue se reunir e se organizar em torno de propósitos em comum. Isso ocorreu em Seattle 99, na Primavera Árabe e agora no Brasil: são trabalhadores, ecologistas, ativistas LGBT, estudantes, pacifistas, feministas, idosos, militantes de causas raciais, desempregados, deficientes físicos, etc, etc, etc, protestando lado a lado, e que não respondem formalmente a qualquer liderança.
O que tornou possível tal realidade das coisas é a atual capacidade de comunicação — especialmente a internet, que proporciona também a reverberação mundial dos eventos. A tecnologia inclusive diminui bastante a possibilidade de manipulação das informações, já que boa parte da sociedade tem acesso a aparelhos que fotografam, filmam e publicam em tempo real. E com isso as notícias acompanham a velocidade que a modernidade exige — e que nós desde sempre sonhamos.
A Voz da Serra quer ser literalmente a voz do povo: ouvir seus anseios, buscar soluções, transformar-se em ponte para a resolução dos mais diversos problemas que afligem o cidadão. A despeito da função principal de um jornal, que é a de bem informar o leitor, nos transmutamos em sociedade civil, refletindo em nossas páginas seu comportamento, seus sonhos e reivindicações. Tornamo-nos palco dos mais diversos temas e assuntos sujeitos à controvérsia; somos um instrumento de (e em) defesa das mais dissonantes vozes desta Nova Friburgo. E fomos assim constituídos pelos próprios cidadãos desta cidade.
Diariamente reunimos elementos heterogêneos em diversas combinações para levar o leitor não a julgamentos sumários, mas a ponderações reflexivas, numa espécie de exercício contínuo de agrupamento homogêneo de crenças, ideais e opiniões.
Apostamos no que é bom e buscamos e priorizamos sempre o melhor. Se tantas vezes retratamos as agruras e tragédias é justamente porque com a sociedade compactuamos e fazemos coro por valores comuns à maioria, ao chamado consenso geral da humanidade que nos move — o repúdio à corrupção, o apelo ao sofrimento humano perante a miséria ou a admiração por valores assumidamente honestos.
Reconhecemos e desejamos evoluir em tal proximidade, cientes estamos de que nossa voz precisa estar em sintonia com a voz do cidadão, pois juntas formamos uma A Voz da Serra cada vez mais poderosa e eficiente, numa troca constante que cria e se refaz ao longo do tempo.
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