Ferida aguda
O LANÇAMENTO da Campanha da Fraternidade de 2012, aberta na quarta-feira de cinzas pela CNBB—Conferência Nacional dos Bispos do Brasil—com o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”, toca fundo no drama mais contundente da sociedade brasileira, atingindo 145 milhões de cidadãos. Embora garantida constitucionalmente, a saúde pública no país vai mal.
O TEMA foi justificado pelas dificuldades “dos filhos e filhas de Deus que enfrentam as longas filas para o atendimento à saúde, a demorada espera para a realização de exames, a falta de vagas nos hospitais públicos e a falta de medicamentos”. Até o Ministério da Saúde admite as dificuldades e pediu a discussão do “SUS real” nas comunidades.
TAMBÉM A Justiça brasileira manifestou-se a favor de outra parcela da população, ao considerar abusiva cláusula contratual que estipula limite máximo de custo para internação de segurados por planos de saúde. O STJ—Superior Tribunal de Justiça—equiparou a limitação monetária de cobertura para as despesas hospitalares à limitação de tempo de internação. A saúde é o grande tema que permeia a sociedade brasileira em todos os níveis.
AUMENTANDO a crise no setor, o governo federal decidiu fazer um corte de R$ 5 bilhões no orçamento da saúde, frustrando a população. A tesourada no dinheiro, imposta para cumprir outros compromissos, somente fará aumentar as dificuldades de gerir aquilo que a CNBB considera uma das feridas sociais mais agudas do nosso país.
NO PLANO municipal, o secretario Renato Abi-Ramia enfrenta o desafio de cumprir orçamentos curtos e um enorme quadro de problemas que vão da contratação de médicos para todas as unidades e a constante falta de remédios nas prateleiras. Some se ainda o emperramento da máquina administrativa do município, que sofreu mudanças prejudicando a continuidade dos trabalhos.
PASSADA a festa do carnaval, o país retoma à sua rotina e infelizmente começa o ano com o debate sobre a saúde que, ainda que tardiamente, poderá resultar em dias melhores para a população. A proposta de difundir a saúde sobre a terra, como levanta a CNBB, também deve ser ecoada em Nova Friburgo.
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