E, no sétimo dia... fazer tirinhas!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
E, no sétimo dia... fazer tirinhas!
E, no sétimo dia... fazer tirinhas!

Amine Silvares

O jovem chargista Carlos Ruas, do site de sucesso “Um Sábado Qualquer” , nasceu em Niterói, mas veio morar com a família em Nova Friburgo. Apesar de não ter ficado por aqui por muito tempo, ele se apaixonou pela cidade.

O personagem principal de suas historinhas é Deus. Uma versão bem fofinha dele. Junto com a “Turminha do Éden”, formada por Adão, Eva, Luciraldo e Caim (além de algumas outras divindades e personalidades), as histórias abordam de assuntos atuais a crises existenciais (de Deus, é claro), passando por trechos bíblicos. Com quase 50 mil acessos diários, prova que o bom humor é necessário em todos os assuntos, até mesmo na religião.

LIGHT: Você saiu de Nova Friburgo antes de completar os estudos. Faz muito tempo?

Carlos Ruas: Faz sim. Sai de Friburgo na alfabetização. Meu pai mora em Friburgo até hoje, vim com minha mãe para Niterói, quando pequeno. Mas todo final de semana que eu posso vou a Friburgo. Tenho saudades do frio serrano. Em Niterói não posso usar minhas roupas de inverno.

LIGHT: Quando você começou a desenhar?

Carlos Ruas: Comecei a desenhar pequeno, devo isso a meu pai. Ele me ensinou a fazer minha primeira charge, nem devia ter 5 anos e lembro desse dia. Aí não parei mais, chegava à escola e desenhava em toda a carteira, era rotina. Lembro quando fui para uma em que as mesas eram de madeira escura, quase tive um enfarto! Minha maior mania não iria funcionar, sobrou para as páginas de livros. Desenhava diariamente em tudo que via. Quando saiu o jornalzinho da escola eu virei o chargista, todo fim de ano fazia a caricatura dos professores, todos adoravam!

LIGHT: E quando surgiu a ideia de desenhar Deus?

Carlos Ruas: Veio do nada! Sempre gostei de charge, mas nunca investi. Cheguei à conclusão que queria criar um personagem, passei uns dias pensando, mas a ideia veio logo. O estudo das religiões sempre foi um hobby que adorava e percebi a facilidade que tinha em criar humor deste assunto em mesas de bar, com amigos. Então veio a ideia: por que não Deus ser meu personagem principal? Fiz toda a turminha do Éden e comecei a desenhar.

LIGHT: O site tem muitos fãs, mas, como é um personagem, digamos, polêmico, imagino que você deva receber algumas críticas duras. Os mais religiosos já tentaram boicotá-lo?

Carlos Ruas: Nunca tive muitos problemas com isso. As tiras, mesmo tratando de Deus, são pacíficas, apresentam um humor light, qualquer um pode notar isso. Mas sempre tem os mais radicais. Já recebi um e-mail de duas páginas me mandando pro inferno e que Deus estaria sorrindo enquanto me torturava. Quando ocorre isso clico em “excluir” e digo “próximo!”. Meu maior medo é um hacker fundamentalista.

LIGHT: E em relação ao bonequinho de Deus? Está um sucesso?

Carlos Ruas: Com certeza! Quem não quer dormir abraçado com Deus? Os leitores mandam fotos comprovando sua onipresença. Ele já esteve por todo o Brasil, além de vários países da Europa.

LIGHT: Em relação ao site, você já pensou em publicar quadrinhos ou tiras em jornais ou compilar as tirinhas do site num livro? Vi no twitter (@sabadoqualquer) que você tem um projeto em andamento.

Carlos Ruas: O livro sempre foi meu maior sonho! Este ano ele deve se concretizar. Meu material sempre foi virtual, mesmo com esse retorno que estou tendo, nunca tive nada material. Lançando meu livro, uma nova era começará para mim, irei atingir outros públicos e, talvez, mais portas se abram. Livro não traz dinheiro, traz reconhecimento.

LIGHT: Seu site já teve 48 mil acessos num dia! Isso é incrível! Agora tem também a versão em inglês. Você já está tendo uma boa resposta lá fora?

Carlos Ruas: Pois é, estou muito feliz por ter conquistado o público jovem brasileiro. Portugal tem se interessado muito por ele também, é um país que adoro, e adoraria também ter reconhecimento de meus quadrinhos lá. Já não posso falar o mesmo da versão em inglês, estou com dificuldades em divulgá-la. Ainda não emplacou, mas acredito ser questão de tempo. Um dia sai!

LIGHT: E quais as historinhas favoritas?

Carlos Ruas: Minhas favoritas? É complicado responder esta pergunta, possuo mais de 500 tiras. O Buteco foi a série que o público mais gostou. Milhões de situações são possíveis quando você coloca em uma mesa de bar Deus, Odin, Zeus, Rá e outros deuses por aí. É claro que isso não vai dar certo. Uma que explodiu também foi a do WAR.

LIGHT: Para finalizar a entrevista, como anda a postura? (Ele reclama de dores nas costas constantemente no twitter)

Carlos Ruas: Torta. Mas descobri uma solução maravilhosa: colar uma fita crepe verticalmente nas costas, se você enverga, ela te puxa de volta. Recomendo. Como diria minha avó, “coluna não mata, mas também não deixa viver”.

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