E aqui estava A Voz da Serra me esperando

sexta-feira, 04 de abril de 2014
por Jornal A Voz da Serra

Dalva Ventura

Cresci em meio aos tipos e clichês, ao cheiro inconfundível de uma gráfica, ao barulho da velha impressora Marignoni e ao som das teclas da velha Remington do meu saudoso pai, Américo Ventura Filho. Cresci em meio às mesas do Atlantic e do Galeria Bar, onde ele e seus amigos, correligionários ou não do PSD, discutiam política e os fatos da cidade. Destas conversas saía a maior parte da matéria-prima que iria rechear as páginas de A VOZ DA SERRA. E eu ficava ali, tentando entender tudo aquilo e até metendo o bedelho na conversa.   

Desde aquela época, já aos sete, oito anos, nunca tive dúvidas da carreira que seguiria: o jornalismo. Queria ser repórter, o que sempre fui e sempre serei até porque não me identifico com nenhuma outra função dentro de uma redação. Desde bem pequena, eu me interessava em saber tudo o que acontecia. Não só em Friburgo, mas no país e no mundo. Lia tudo o que era jornal, vivia na biblioteca e até achava que entendia de política, mesmo não passando de uma criança ou uma adolescente com muito - e bota muito nisso - a aprender. Fui à luta, formei-me em Comunicação, trabalhei em diversos jornais e revistas no Rio e em São Paulo, até que um dia, por contingências da vida, voltei à minha terra natal. 

E aqui estava A VOZ DA SERRA me esperando. O jornal do meu pai, que meu irmão Laercio soube conservar com pulso firme e a mesma filosofia impressa por ele, de respeito à verdade e compromisso com o leitor. Hoje, mais do que nunca, valorizo o papel do meu irmão, por não ter deixado que A VOZ DA SERRA morresse junto com Américo.

Em quase sete décadas de existência, quantos jornais abriram aqui em Nova Friburgo e em mais ou menos tempo, deixaram de existir? Mas A VOZ DA SERRA continua, firme como uma rocha. Como no tempo do meu pai, no do meu irmão Laercio, que trabalharam até o fim de suas vidas, sem se deixar abater por nenhum obstáculo que surgisse em seus caminhos. Nunca foi fácil. Quem já acompanhou o cotidiano de uma redação ou o fechamento de uma edição, sabe o que significa colocar um jornal nas bancas diariamente. São dificuldades técnicas, administrativas, humanas. Sem falar na luta para sobreviver sem perder a dignidade jamais.

Trata-se de um desafio constante, permanente, mas que conseguimos vencer a cada edição que fechamos, a cada jornal que entregamos aos leitores todos os dias. Estamos vivendo agora uma nova fase, mais dinâmica, vibrante e noticiosa, sob a administração da filha de Laercio, minha sobrinha Adriana, que herdou do pai a missão de continuar sua obra e de seu avô. Com a mesma coragem, fibra e honestidade que caracterizam os Ventura, mas também com a coragem de sua juventude. 

O fato é que estamos aí, leitores, e não temos a menor intenção de abandonar a luta, pelo contrário. Contamos com uma equipe de profissionais e colaboradores de peso que garantem a qualidade de nossas matérias. Poderíamos ter uma cobertura melhor? Talvez. Poderíamos cometer menos erros? Talvez. Poderíamos ter um caderno Light todos os dias e não apenas aos sábados? Sim. Poderíamos ter uma edição também às segundas, separada da do fim de semana? Sim. Mas, apesar de nossas limitações, dizemos presente, de terça a sábado, sem falhar um só dia. O que, por si só já é uma vitória em se tratando de um jornal de interior que enfrenta injunções de toda ordem. 

Ao folhear nossas páginas, poucos se dão conta dos nossos bastidores, mas a verdade é que nós temos de vencer todo tipo de intempéries todos os dias para estar de manhã bem cedinho, nas bancas, na porta de suas casas, na tela de seus computadores.

Por tudo isso e muito mais, viva nós. E viva, principalmente, o meu irmão Laercio, que deu continuidade ao sonho de nosso pai. E viva a minha sobrinha, Adriana - que herdou a responsabilidade de continuar acreditando que A VOZ DA SERRA pode continuar sendo uma realidade.

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