Carlos Emerson Junior
A chuva do dia 13 de novembro não só provocou desabamentos, pânico, transtornos no trânsito e praticamente o encerramento de quase todas as atividades cotidianas, mas também serviu para mostrar, de forma a não deixar dúvidas, que a tragédia de janeiro de 2011 ainda não terminou.
A essa altura da vida estamos cansados de saber que as alterações climáticas estão provocando aumento das chuvas em toda a região Sudeste. Como quase nenhuma obra nas encostas ou de recuperação da infraestrutura de Nova Friburgo foi realizada, a perspectiva é a repetição dessas ocorrências até o fim do verão.
Uma coisa eu tenho certeza: não adianta nada ficarmos sentados esperando alguma providência das instâncias federal, estadual ou municipal. O drama dos friburguenses é que a nossa urgência não é a mesma do estado e se não agirmos—sei lá de que forma—corremos o risco de só sermos lembrados na próxima tempestade, quando as pedras rolarem e os rios transbordarem.
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E cabe aqui uma perguntinha: onde estão as 500 casas que seriam entregues agora em dezembro para os desabrigados das chuvas de janeiro de 2011? O novo bairro está pronto, com água, luz, esgoto, rede pluviais e áreas de lazer? As linhas de ônibus circulam normalmente? Os títulos de posse já foram emitidos?
Pois é!
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Ciclovias são um assunto recorrente aqui na coluna e a razão é bem simples: bicicletas são o futuro e a melhor saída para o enorme nó provocado pelo trânsito caótico das cidades, de qualquer tamanho. De fato, os engarrafamentos colossais não se restringem a megalópolis como São Paulo e Rio e basta tentar ir ao centro de Nova Friburgo pela manhã, no almoço ou no fim do dia, para saber o que estou falando.
É claro que uma boa rede dessas não nasce da noite para o dia e o seu principal obstáculo não é o custo e sim a falta de adesão da população. No entanto, sabemos que boas campanhas de esclarecimento fazem milagres e não deve ser difícil explicar que pedalar faz bem, é barato e pode ser muito seguro se boas ciclovias e ciclofaixas forem implantadas com técnica e bom senso.
O Rio, hoje com maior rede de ciclovias do Brasil, continua inovando. A Supervia está construindo enormes bicicletários na Baixada Fluminense e Zona Oeste, para facilitar o uso dos trens por quem prefere ou só pode usar as bicicletas para chegar até suas estações. Uma pesquisa indicou que dos clientes-alvo, 77% vão para o trabalho, 8% para a escola e 5% como lazer. Aliás, já existe um projeto do Metrô com as mesmas características. Vamos ver se agora sai do papel.
Os ciclistas cariocas estão chegando perto da tão desejada integração bicicleta-trem-metrô-ônibus, presente nas boas cidades do planeta e não vejo nenhum motivo para que Nova Friburgo não esteja entre elas. É sempre bom lembrar que já fomos conhecidos como a cidade das bicicletas e seria uma cruel ironia ficarmos famosos por nossos engarrafamentos... paulistanos.
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A Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Vox Populi fizeram uma pesquisa para medir o grau de honestidade do brasileiro e se determinadas atitudes ditas como ilícitas, estão tão enraizadas em parte da sociedade brasileira que acabam sendo encaradas como parte do cotidiano.
O resultado acabou revelando que amamos não dar nota fiscal, não declarar Imposto de Renda, tentar subornar o guarda para evitar multas, falsificar carteirinha de estudante, dar e/ou aceitar troco errado, roubar sinal de TV a cabo, furar fila, comprar produtos falsificados, no trabalho, bater ponto pelo colega, falsificar assinaturas e baixar ilegalmente músicas e filmes da internet. No entanto, 84% dos entrevistados afirmam que, em qualquer situação, existe sempre a chance de a pessoa ser honesta.
Ufa!
carlosemersonjr@gmail.com
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