Leonardo Lima
Um dos bairros mais castigados da cidade, Duas Pedras ainda apresenta, após 15 dias da tragédia, marcas profundas da destruição. No local, os moradores se unem na busca de amenizar os efeitos da catástrofe e tentam recomeçar suas vidas. Em diversas ruas do bairro observa-se o grande acúmulo de lama, que dificulta a passagem tanto de veículos quanto de pedestres. Na Avenida dos Ferroviários, a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA flagrou pessoas auxiliando os profissionais a remover as barreiras que caíram no local.
Já no trecho que vai da Paróquia de São Pedro e São Paulo até após o ponto final do ônibus de Duas Pedras, o cenário é ainda mais impressionante. Barreiras de enormes proporções caíram por toda a parte. Na Rua Dr. Hélio Veiga, que fica num quarteirão abaixo do Hospital São Lucas, a situação permanece caótica, mesmo duas semanas após o desastre. Até mesmo o cilindro de oxigênio do hospital, que caiu, não foi retirado.
Moradores das casas que não foram atingidas estão sem luz e água. Sem um acesso seguro até a rua, o jeito é improvisar e contar com a boa vontade de vizinhos. Um morador, cuja residência tem saída tanto na Rua Dr. Hélio Veiga, quanto para a Estrada Nova Friburgo-Teresópolis, liberou a passagem para quem mora na localidade.
Em meio à tanta destruição, a população do bairro busca forças para reagir e acreditar que Duas Pedras possa voltar a ser como era antes.
“Todas as casas desabaram”
Um sinal salvou sua vida. Assim, o mecânico Joel Rodrigues define a barreira que caiu em frente a sua residência, na Avenida dos Ferroviários. “Eram umas três horas da manhã. Uma barreira caiu na rua e amassou meu carro. Na mesma hora, a minha casa e a dos meus vizinhos tremeram”, relembra. Segundo ele, os moradores decidiram que assim que o dia clareasse deixariam o local. “Saímos de lá e, quando voltei, na tarde do dia seguinte, vi que em uma das casas começou a aparecer uma rachadura. Minutos depois, todas elas desabaram”, conta Joel.
O mecânico, que morava no lugar com o filho de 6 anos, está abrigado, desde então, na casa de um amigo, também em Duas Pedras. “Perdi a casa onde morava, outra que alugava, e também minha oficina”, afirma Joel, que todos os dias vai até o local revirar os escombros, na tentativa de recuperar algum bem. “Já consegui recuperar um monte de roupas. Espero agora achar minhas ferramentas de trabalho”, diz.
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