Duas Pedras: moradores denunciam descaso na recuperação do bairro

quinta-feira, 03 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Duas Pedras: moradores denunciam descaso na recuperação do bairro
Duas Pedras: moradores denunciam descaso na recuperação do bairro

Leonardo Lima

Após quase dois meses da tragédia, moradores de um dos locais mais castigados na cidade continuam sofrendo com os efeitos da catástrofe. E o que era para ser esperança tornou-se frustração na manhã da última terça-feira, 1°, em Duas Pedras. A Defensoria Pública havia agendado atendimento num salão de festas do bairro, para ouvir as reivindicações e encaminhá-las às autoridades responsáveis. Entretanto, devido ao alerta de fortes chuvas emitido pela Defesa Civil, tal programação foi cancelada. “Viriam diversos funcionários do Rio de Janeiro para fazer esse atendimento, mas o coordenador da Defesa Civil, coronel Roberto Robadey, nos enviou comunicado avisando que a cidade entraria em estado de alerta” esclarece a defensora pública titular do Núcleo de 1° Atendimento, Maria Fernanda Junqueira Ayres.

Ela explica que orientou funcionários a espalhar a notícia do cancelamento do encontro, entretanto, o comunicado não chegou a todos os moradores, o que gerou protestos. Muitas pessoas se queixaram que haviam faltado ao emprego para comparecer ao evento adiado e questionaram se será necessário outro desastre para o bairro receber a atenção necessária. “Realizaremos essa atividade no próximo dia 18, das 10h às 17h. Não será uma reunião, mas uma oportunidade de prestar atendimento individual aos moradores sobre questões como auxílio novo lar, o aluguel social, entre outras”, garantiu Maria Fernanda. A defensora pública também informa que o atendimento deverá acontecer a cada semana em um bairro. “As pessoas estão carentes e sem informação do que está acontecendo. É necessário um canal de comunicação entre o poder público e a população”, analisa.

Desde a tragédia, situação do bairro continua em estado crítico

Na tentativa de encontrar soluções para que Duas Pedras tenha um mínimo de normalidade em seu cotidiano, um grupo de residentes do bairro se dirigiu à sede da Defensoria Pública para reivindicar maior atenção das autoridades. O morador Michel Affonso Rosa representou a comunidade e expôs questões que vêm causando transtornos no local. Uma das queixas foi em relação ao Córrego dos Mosquitos, localizado próximo ao ponto final do bairro, que foi totalmente assoreado pelos detritos que desceram das pedras e das casas destruídas pela catástrofe. “Esse córrego sempre funcionou como galeria de águas pluviais e de esgoto. Representantes da Construtora Queiroz Galvão se dirigiram ao local, a pedido dos moradores, e iniciaram a limpeza. Porém, representantes da Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro) e da Secretaria de Obras impediram a continuidade do trabalho, alegando que isso só poderia ser feito após a elaboração de um projeto”, disse.

Segundo Michel, a Emop se comprometeu a realizar tal projeto, mas não soube precisar um prazo. “O ideal seria a construção de uma nova galeria, no entanto, em razão da emergência da situação, é essencial limpar esse córrego, para que não aconteçam novas tragédias. O Córrego do Mosquito está pondo em risco casas que a princípio não estão em áreas críticas”, denunciou. Ele também solicitou a realização de uma vistoria numa casa localizada acima de uma barreira na Rua São Pedro, que está deixando os habitantes apreensivos quanto a um possível desabamento.

“A gente não quer luxo, só condições de viver”

Embora a Rua São Pedro - uma das principais do bairro - tenha tido seu acesso liberado, diversos pontos de Duas Pedras continuam da mesma forma desde o fatídico 12 de janeiro. Na Rua João Belório, por exemplo, diversos moradores deixaram suas residências por receio da queda de pedras e novas barreiras. Na Rua Dr. Hélio Veiga, que fica num quarteirão abaixo do Hospital São Lucas, a via continua coberta de lama e escombros, impedindo o acesso. Para chegar às casas, diversos moradores estão passando pelas residências de vizinhos. A linha de ônibus do bairro também foi alterada e não vai mais até o ponto final. “A gente não quer luxo, só queremos condições mínimas para viver com tranquilidade”, protesta Michel.

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