No Caminho de Swann é o primeiro volume do extenso romance Em Busca do Tempo Perdido — a obra de uma vida inteira, tanto do personagem principal quanto do seu autor. Pois Marcel Proust, que havia escrito até então dois livros, dedicou o resto e a maior parte de sua existência à Busca, inclusive abdicando do convívio social em seus últimos anos para concluir a obra. O último volume, O Tempo Redescoberto, fora ditado por ele em seu leito de morte.
Em Busca do Tempo Perdido é maior feito da “autobiografia ficcional” da literatura. Se os personagens e acontecimentos não são reais, os sentimentos e sensações estão ali vivos, com intensidade, concretos para quem os lê e os sente.
E talvez Proust seja o escritor menos lido entre as figuras cultuadas do mundo da literatura. De fato, é necessário se acostumar à sua escrita, que a princípio pode parecer difícil, mas que na realidade possui dinâmica e melodia próprias. Os períodos extensos têm relação direta com o universo completo no qual o leitor é lançado ao ler o romance. Como afirma Fernando Py, um dos tradutores brasileiros da obra (trabalho não menos competente que de Mario Quintana), é como se Marcel Proust emprestasse sua subjetividade ao leitor. Há quem diga que ele, por adentrar tão profundamente na alma dos personagens, foi o maior dos psicólogos.
No Caminho de Swann fala da juventude do narrador, bem como de eventos ocorridos antes de seu nascimento. Ao terminar o livro, a impressão que se tem é de que Proust realizou um feito excepcional. Do segundo volume em diante, ao inserir os personagens em outras circunstâncias, o “excepcional” é elevado a outro nível.
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