O personagem principal de O Chamado da Natureza é um cachorro. Embora sejam muito populares os livros e filmes sobre cachorros, não se engane, leitor, pois a história deste livro em especial não é “fofinha”, nem trata os animais como seres bobos e bonzinhos.
Numa confortável e feliz casa de classe média da Califórnia, vive Buck, um São Bernardo, com sua família de humanos. A vida nunca exigiu muito dele — até ser sequestrado e vendido para exploradores que, no Canadá, estão atrás de ouro. Buck será um dos cachorros que puxará o trenó do grupo através da neve e dos rios congelados.
Ainda no trem que o leva ao seu infeliz destino, Buck testemunha a cena de um cão feroz sendo vencido e domesticado por um homem na base de violentas pancadas — brutalidade esta que ele verá novamente sendo exercida sobre outros animais, e entre eles próprios. Somando-se a isso — a esse sofrimento cuja origem é o relacionamento entre seres vivos — há ainda o frio abaixo de zero e a fome: a natureza é retratada por Jack London sob seu aspecto mais cruel e implacável.
Nesse ambiente hostil — e talvez por isso mais interessante, por efeito de contraste — também se desenrolam situações onde se sobressaem valores como honra, lealdade e capacidade de superação, tanto no universo humano quanto no canino. Jack London consegue assim a proeza de colocar as duas espécies no mesmo nível sem idiotizar nem idealizar nenhuma das duas. Pois o leitor pode muito bem ter vivenciado e sentido o que Buck sentiu — é um sentimento comum entre nós, animais.
O Chamado da Natureza, bem como os demais livros de Jack London, é para quem gosta de natureza, de vitória sobre circunstâncias adversas e, principalmente, de uma boa aventura.
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