Drops Literário - Como Ser Legal - 6 a 8 de agosto 2011

Por João Clemente
sexta-feira, 05 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Drops Literário - Como Ser Legal - 6 a 8 de agosto 2011
Drops Literário - Como Ser Legal - 6 a 8 de agosto 2011

O escritor inglês Nick Hornby se tornou conhecido mundialmente por ter escrito livros como “Alta Fidelidade”, “Um Grande Garoto” e “Febre de Bola”. Os três viraram filme — Alta Fidelidade, estrelando John Cusack e Jack Black, e Um Grande Garoto com Hugh Grant. Estes filmes retratam bem o espírito e a sensibilidade dos romances de Hornby e quem sabe um dia eu escreva aqui também sobre eles. No entanto queria hoje falar sobre uma obra sua que infelizmente não virou filme — não sei por que — mas que também está no mesmo nível de qualidade destas outras.

O título é “Como Ser Legal” (How to Be Good) — o que me fez ficar com vergonha de andar com o livro debaixo do braço por aí no tempo que eu o estava lendo, porque um amigo ficou tirando sarro de mim, dizendo que eu estava lendo livro de autoajuda, para ficar mais “descolado”. Aí depois outra pessoa me perguntou também... Na verdade eu não sei por que traduziram o título assim, já que o original é literalmente “Como Ser Bom”, e diz respeito a como ser uma pessoa boa, o que aliás não deixa de parecer autoajuda, mas é bem mais fiel à ideia da história.

Esta começa com a personagem principal num estacionamento de supermercado — terminando seu casamento de muitos anos via telefone celular. Ela se pergunta se poderia ser julgada por tal atitude, visto que fora algo momentâneo, espontâneo, único em sua vida. Aí vem a sua própria resposta: o assassino de John Kennedy também não poderia dizer que matar presidentes era um hábito seu, mas ele foi capaz de fazer isso, assim como ela foi capaz de terminar um casamento pelo celular. Einmal ist Keinmal?

A personagem tenta mudar de vida, deixando sua antiga casa, com o marido e os filhos. Junto com outros fatos e outros personagens, o livro é uma bela fábula sobre ética no mundo atual, sobre a difícil batalha entre altruísmo e egoísmo, sobre a busca de conciliação entre ser feliz e fazer os outros felizes. Como todos os livros de Hornby, é uma espécie de odisseia psicológica; e, no final, a superação pessoal do personagem.

Duas coisas que eu também gostaria de destacar neste livro são: a capacidade de Horby de fazer reflexões e alusões profundas com temas do nosso cotidiano — como da vez em que a personagem busca um apartamento para refúgio, e fica triste porque a única comparação que ela consegue fazer para este momento de sua vida é com Star Wars, quando Luke Skywalker vai para um asteroide treinar com mestre Yoda, porque ela costumava ver o filme com seu filho. Outra coisa que merece destaque é o fato do livro ser em primeira pessoa — e a personagem ser uma mulher. Lendo o livro, você esquece que foi escrito por um homem.

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