Henrique Amorim
Já deu uma passadinha pelas margens do Rio Bengalas ou de qualquer outro rio ou córrego em Nova Friburgo? Quem já passou por algum deles, certamente espantou-se e quem ainda não passou, certamente vai se assustar com a drástica redução do espelho d’água. Os leitos estão reduzidíssimos. Até aí nenhuma novidade, pois é comum nos períodos de estiagem a quantidade de água diminuir bastante permitindo avistar-se facilmente o fundo dos rios e córregos, nem sempre só com areia, mas também com muito lixo e entulhos. O motivo para espantar qualquer um desta vez é a imensa quantidade de terra trazida pelas enchentes de 2011 que ainda permanece nas caixas dos rios facilitando novos transbordamentos. Com a escassez de água, já se observa até mesmo ilhas em alguns trechos do Bengalas na altura do distrito de Conselheiro Paulino e também no Centro. Não precisa ser nenhum técnico para concluir: é necessário dragar os rios. E a época é agora. Com a chegada das chuvas a partir de outubro, os níveis dos leitos subirão dificultando o trabalho das máquinas para retirada de terra.
A chefe do escritório regional do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Margareth Nacif, reconhece que o período é ideal para a limpeza dos rios. O órgão coordena, inclusive, o projeto estadual Limpa Rios, criado para promover as dragagens—mas, infelizmente, o Bengalas, o Córrego Dantas, os rios Cônego, Santo Antônio e demais córregos do município não serão dragados mais esse ano. O governo do estado disponibilizou no início do ano R$ 27 milhões para a locação de maquinários do Limpa Rios. Deste montante, R$ 19 milhões foram para dragagens em Nova Friburgo e demais municípios serranos atingidos pela tragédia do ano passado.
“Tivemos ainda esse ano o agravante das fortes chuvas e enchentes no noroeste fluminense que exigiu também ações emergenciais do Limpa Rios. Agora o orçamento desse ano esgotou-se e aguarda-se a liberação de um novo orçamento para dragagens em 2013 com maquinários alugados pelo Inea”, informou Margareth que espera cumprir o vasto cronograma previsto de dragagem de todos os rios e córregos do município. Em Nova Friburgo, o Limpa Rios beneficiou até agora somente parte do Córrego Dantas onde a calha do rio foi alargada com muros de gabião. A previsão é estender o investimento até a foz e numa outra etapa a urbanização das margens com o primeiro parque fluvial do estado. Criado há quatro anos, o Limpa Rios já investiu mais de R$ 57 milhões em dragagens de quase 400 rios e córregos no estado beneficiando mais de 2,5 milhões de pessoas, segundo informação do Inea.
Trecho do Bengalas entre Duas Pedras e o encontro com o Córrego Dantas será canalizado com recursos do PAC 2
Para tentar livrar o distrito de Conselheiro Paulino das já rotineiras enchentes de todo verão, serão investidos R$ 220 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal, na construção de muros de concreto nas margens no trecho entre a ponte do trevo de Duas Pedras e o encontro com o Córrego Dantas, já próximo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Conselheiro Paulino. A obra dará continuidade a canalização já existente no centro da cidade. Uma das etapas obrigatórias para execução da obra é justamente a dragagem.
Além de eliminar o assoreamento, a dragagem permitirá o afundamento da caixa do Bengalas em alguns trechos em até 1,5 metro facilitando a vazão das águas durante fortes chuvas e das galerias de águas pluviais que despejam as águas das chuvas no leito do Bengalas. “A desativação da barragem do Catete também vai permitir que o leito escoe mais rapidamente evitando os transbordamentos no Prado”, observa Margareth Nacif. As obras, porém, ainda não tem uma data prevista e não deverão ter início esse ano. O serviço ainda será licitado e depois serão cumpridos os demais trâmites burocráticos. A chefe do Inea aponta ainda a necessidade de investimentos de drenagem nos loteamentos e bairros marginais ao Bengalas.
Deixe o seu comentário