Doze dias após a catástrofe, hospitais de campanha são desativados

terça-feira, 25 de janeiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

A Marinha do Brasil e o Corpo de Bombeiros desativaram ontem, 24, os hospitais de campanha montados em tendas baseadas, respectivamente, no pátio da Prefeitura de Nova Friburgo e na Praça Dermeval Barbosa Moreira. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Jamila Calil, os hospitais foram montados preferencialmente para atender às vítimas mais graves da catástrofe, ou seja, pessoas politraumatizadas, que necessitaram de cirurgias e atendimentos urgentes. Como atualmente a possibilidade de resgate de sobreviventes nas áreas atingidas por deslizamentos é bastante remota, os hospitais de campanha passaram a funcionar como ambulatórios.

As autoridades de saúde do município reforçam ainda que as pessoas que necessitarem de atendimento de urgência devem procurar o Hospital Municipal Raul Sertã, Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 horas), no distrito de Conselheiro Paulino, e também os postos de saúde, evitando sobrecarregar o atendimento nos postos e unidades básicas de saúde com casos de menor gravidade. Até ontem, somente a Policlínica Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, continuava com o atendimento suspenso devido à queda de encostas em seu entorno. A Secretaria Municipal de Saúde espera uma avaliação da Defesa Civil para retomar as atividades na unidade. Enquanto isso, a distribuição de medicamentos e a central de vacinações funcionam provisoriamente no antigo posto de saúde, na esquina das ruas Augusto Cardoso com Prefeito José Eugênio Müller, no Centro.

Em visita a Nova Friburgo no último fim de semana, o ministro da Saúde, André Padilha, comentou que o setor de saúde do município permanecerá sobrecarregado por pelo menos um ano, devido à probabilidade de grande aumento da procura por atendimento para complicações respiratórias e gastrointestinais, por conta da ingestão e contato com água contaminada das enchentes.

Hospital de Campanha atendeu mais de mil pacientes na cidade

Montado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec) no último dia 14, o Hospital de Campanha do Corpo de Bombeiros (Hcamp) já havia atendido 1078 vítimas até as 14h da última quinta-feira, 20. Foram atendidos na unidade duas das vítimas da queda do helicóptero do Exército, que caiu na localidade de Conquista: o funcionário da ouvidoria de Teresópolis, Ricardo Raposo, e o integrante da Cruz Vermelha, Herculano Antônio Abrahão. Os dois receberam os primeiros atendimentos na unidade e foram submetidos a exames de tomografia computadorizada. Em seguida foram encaminhados ao Hospital Municipal Raul Sertã, com quadro clínico estável e de lucidez.

Entre os atendimentos realizados no Hcamp, a maioria foi de urgências cardiovasculares, doenças neurológicas, urgências metabólicas ferimentos, traumas, diabetes, hipertensão arterial e crises respiratórias. Também são atendidos na unidade pacientes com indicação cirúrgica, como apendicite e hérnia dilacerada. Nestes casos, os pacientes recebem o primeiro atendimento, são estabilizados e removidos para as unidades hospitalares indicadas.

De acordo com dados estatísticos, das vítimas atendidas no Hospital de Campanha 51% são do sexo feminino e 49% do masculino. Foram realizados 505 exames clínicos e 110 tomografias computadorizadas. Os casos mais graves – 39 - foram removidos para outros hospitais. A unidade conta com um setor de acolhimento e classificação de risco. Dos pacientes atendidos, 65% eram classificados como verde (sem risco de morte), 25% azul (quadro crônico sem sofrimento agudo), 9% amarelo (urgência) e 1% vermelho (emergência). Segundo o superintendente de urgências e emergências pré-hospitalares, Fernando Suarez, num momento de crise o Hcamp deu suporte a todo atendimento de atenção básica da região. “Não podemos deixar essa população desassistida”, afirma.

Desde o último dia 17 a equipe de assistentes sociais disponibilizada pela Sesdec realizou 338 atendimentos às vítimas, já os psicólogos cedidos pela Polícia Militar, 62. Havia ainda padres voluntários e capelães prestando assistência religiosa. A unidade móvel de coleta do HemoRio já havia coletado 287 bolsas de sangue. O hospital contava com 11 leitos, atuando três médicos cirurgiões, sete clínicos, um pediatra, dois enfermeiros e cinco técnicos de enfermagem, que se revezaram nos plantões.

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