“Doutor” Abelhito e “enfermeiro” Sucata: a dupla com a missão de levar alegria ao Hospital Raul Sertã

sexta-feira, 05 de julho de 2013
por Jornal A Voz da Serra
“Doutor” Abelhito e  “enfermeiro” Sucata: a dupla com a missão de levar alegria ao Hospital Raul Sertã
“Doutor” Abelhito e “enfermeiro” Sucata: a dupla com a missão de levar alegria ao Hospital Raul Sertã

Todas as tardes de segunda-feira, eles entram no Hospital Raul Sertã, andam por vários setores, cantam, tocam violão, mexem com todos que aparecem pela frente. E não são expulsos! Ao contrário: todos querem que a visita deles dure mais. Um se diz "doutor”, outro "enfermeiro”. Ou melhor, "doutor” Abelhito e "enfermeiro” Sucata.  Ambos especialistas em "besteirologia”.

Assim, Leonardo Benvenuti e Jeferson Robert Cunha levam o projeto "Rir é o melhor remédio” aos pacientes do Raul Sertã. Um momento de alegria, para esquecer as dores, as doenças, os remédios, o tédio de um quarto de hospital. E não são só os pacientes os beneficiados: acompanhantes e funcionários, incluindo médicos, psicólogos e enfermeiros, se divertem com as brincadeiras de Abelhito e Sucata. A dupla também se diz beneficiada pelo projeto. Leo e Jefinho, como são conhecidos, sentem-se felizes ao ver as lágrimas de uma criança hospitalizada secarem, dando lugar ao riso solto, e, consequentemente, o semblante preocupado dos pais se transformar com a repentina alegria do filho. Se sentem realizados ao ver suas músicas sendo acompanhadas pelos adultos em seus leitos e, também, ao proporcionar um momento de descontração ao duro trabalho dos funcionários do hospital.

Nesta matéria, você conhecerá um pouco mais do trabalho do Doutor Abelhito e do enfermeiro Sucata, que, se não têm diploma na área de Saúde, certamente são graduados na arte de levar um bálsamo a quem sofre na cama de um hospital.

 

 


Segunda-feira, 1º de julho, 14h30. No setor da emergência da pediatria do Hospital Raul Sertã, Guilherme Constantino Barrozo, 12 anos, Nikolli dos Santos, 10 e Sanderson Diego, 4 anos, esperavam, desanimados e entediados, que as dores e o mal-estar passassem para quem sabe voltar logo para casa. Ao lado de suas camas, Varley, Erika e Marina – pais, respectivamente, dos três – aguardavam pacientemente pela melhora dos filhos. Tarde chata aquela. Até que surgem dois homens se dizendo doutor e enfermeiro. Mas algo estava errado: eles se vestiam de palhaços, um trazia um violão e outro uma maleta com muitos acessórios engraçados. Um se apresentou como "doutor Abelhito” e outro como "enfermeiro Sucata”. E então o ambiente mudou: pais e filhos entraram nas brincadeiras da dupla, esquecendo por instantes que estavam num hospital. "Isto é uma injeção de ânimo para todos nós”, declarou Varley, que também foi "consultado” por Abelhito, recebendo como diagnóstico a "falta de forma física por falta de prática de exercícios”. O "doutor” fez o filho prometer que obrigaria o pai a fazer exercícios leves, como "pular de paraquedas e praticar surfe em ondas gigantes”. Ah, e tomar três colheres de graxa ao dia para melhorar as juntas.

Com essas e muitas outras brincadeiras, Leonardo Benvenuti Tavares (Abelhito) e Jeferson Robert Cunha (Sucata) vão atingindo os objetivos do projeto "Rir é o Melhor Remédio”: "O foco é trazer alegria, é quebrar a rotina e, com isso, contribuir para a humanização do hospital”, diz Leonardo, ou Leo Abelha, como também é conhecido. "Acreditamos que a presença do palhaço num hospital mostra ser possível e desejável a aproximação de dois domínios: o da arte e o da saúde”, afirma, ressaltando que o trabalho é fruto de muita pesquisa, sendo inspirado nos "Doutores da Alegria” – ONG que mantém um elenco de palhaços em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife – e "Palhaços Sem Fronteiras” – organização de ajuda humanitária internacional. O projeto vem despertando a admiração de várias pessoas, como o de Marcos Penin, dono de uma farmácia, que resolveu contribuir com a dupla, fornecendo, inclusive os brindes distribuídos no hospital.

 

   

 Jeffinho e Leo se preparando para se tornarem "Sucata” e "Abelhito”


Leo é professor de artes da Apae e da Aldeia Kinderdorff, além de músico e, desde 2003, palhaço. Jeffinho é professor de 1ª a 4ª séries, músico e palhaço desde 2009.  Mas nas tardes de segunda, eles são somente "Abelhito” e "Sucata”. Até os médicos se rendem a uns segundinhos ao lado dos dois. Os funcionários se alegram quando eles chegam, pedem músicas, mágicas, fotos, brincam com eles. Os pacientes – de todas as idades – também. "É um trabalho muito bom, especial”, diz Erika Schautz, mãe da pequena Yasmim, de dois anos. "Isso faz bem para as crianças”, complementa Evelyne de Oliveira, que acompanhava a filha Maria Kennya.

A maioria das "crianças mais velhas”, como eles chamam os pacientes adultos, muitos idosos, têm a mesma reação dos pequenos: cantam, participam das brincadeiras e piadas. Eles vão improvisando de acordo com a aceitação. Se sentem que alguém prefere ficar quieto com suas dores, respeitam, desejam melhorar e saem. Mas é raro isso acontecer, normalmente eles são recebidos com muito carinho, prova que o projeto vem dando certo e que, no fim das contas, rir ainda é o melhor remédio.

 

  

Médicos e demais funcionários do Raul Sertã também se divertem com a brincadeira da dupla

 

Yasmim oferece sanduíche a Abelhito

 

  

Sucata "aplica injeção” no pai de Guilherme e Abelhito oferece uma escova de dente a Nikolli

 

Sanderson Ferreira recebe um cachorrinho de bexiga 

 

Depois de mais de duas horas animando pacientes e funcionários do Raul

Sertã, Sucata e Abelhito vão embora com a certeza de dever cumprido

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade