Donos do dinheiro

sexta-feira, 28 de abril de 2017
por Jornal A Voz da Serra

NESTA semana, as instituições financeiras começaram a divulgar o balanço do primeiro trimestre do ano. E as notícias são ótimas, para os acionistas. O Bradesco, segundo maior banco privado do país, anunciou na quinta-feira que seu lucro recorrente somou R$ 4,648 bilhões no período, alta de 13% sobre um ano antes e de 6% na base seqüencial.

MESMO COM inflação baixa ou alta, ajuste fiscal, juros em queda, como determinou agora o Banco Central, população com renda menor, desemprego (14,2 milhões) economia patinando em termos de crescimento, pelo menos uma coisa não muda no Brasil: o lucro estratosférico dos bancos. 

OS BANCOS continuam dando as cartas na economia brasileira. São os donos do jogo. O governo tem que pagar juros altos para poder continuar contando com estes recursos. Em outros países do mundo, o dinheiro emprestado pelos bancos ao governo é apenas uma fonte complementar de recursos. Aqui não. Sem os recursos dos bancos, o governo não resiste e nenhuma outra atividade oferece um ganho tão expressivo.

PARA COMPENSAR qualquer perda, os bancos aumentaram as tarifas que cobram do cliente para emitir um talão de cheques, cuidar da conta ou fazer uma simples transferência bancária, entre outras cobranças. Como os valores cobrados são elevados, cabe ao cliente escolher a tarifa mais baixa. Mas, como mudar de banco no Brasil dá trabalho, muita gente nem olha quanto está pagando. O resultado é que as tarifas continuam altas.

O AJUSTE feito pelos bancos para não diminuir a lucratividade reflete, evidentemente, no bolso do consumidor e na transferência dos serviços para máquinas eletrônicas, desestimulando qualquer integração com seus clientes, além de reduzir drasticamente os postos de trabalho. Os exemplos estão espalhados por todas as agências, inclusive as de Nova Friburgo. 

O GOVERNO continua remando contra suas próprias promessas, indiferente aos apelos dos consumidores, para alegria dos bancos e azar da população. Os primeiros só têm o que comemorar. Já os correntistas permanecem na fila, pagam juros altos e, pior, não têm a quem reclamar. Este é o Brasil, um país de quase todos.

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