DUAS NOTÍCIAS publicadas na edição de ontem de A VOZ DA SERRA dão a dimensão de como anda a questão da preservação histórica e ambiental em Nova Friburgo. A falta de cuidados com a Praça Getúlio Vargas está provocando a deterioração de monumentos históricos que durante anos fizeram parte da vida comunitária, como o busto de Zamenhof, displicentemente abandonado e mal cuidado, e, mais importante ainda, a degradação do Rio Bengalas.
SE DE UM LADO existe interesse do Iphan em manter preservado o patrimônio fluminense por diversos municípios, infelizmente não podemos dizer o mesmo quanto a Nova Friburgo. Há décadas a cidade carece de uma estruturação acerca de seu patrimônio material e natural, quer na preservação do acervo arquitetônico que ainda resta, quer na preservação da nossa Mata Atlântica, esta sim, o maior patrimônio friburguense.
A MEMÓRIA do município vem sendo muito bem guardada pelo governo através da Fundação D. João VI. O acervo de livros, fotografias, mapas, jornais e demais documentos realmente denota a preocupação com o nosso passado, as tradições e a história do município. Porém, não é apenas isto que faz o patrimônio de Nova Friburgo. Ele está nas ruas, nos casarios, nos prédios centenários, nas igrejas e praças, nas matas e rios — e pede ajuda.
A PRINCIPAL praça da cidade está suja, teve seus eucaliptos centenários abatidos pela Prefeitura e ainda está mal-iluminada; o rio que corta o município está assoreado e poluído. São dois exemplos gritantes que não deveriam compor a paisagem de uma cidade que, à beira de comemorar 200 anos, ainda não conseguiu corrigir. Para o tão sonhado turismo, o patrimônio friburguense precisa de uma intervenção séria, de manutenção e preservação, se ainda quisermos manter vivos os tempos de outrora.
O PATRIMÔNIO de Nova Friburgo deve ser visto em sua totalidade, fortalecendo as leis existentes e criando outras medidas que possam ajudá-lo a ser preservado. Cultura, educação, meio ambiente e turismo são apenas algumas áreas que não podem perder o foco da questão, sob o risco de perdermos tudo por falta de iniciativa política e não só de recursos financeiros. Pode-se fazer muito com pouco.
O GOVERNO MUNICIPAL criou há alguns anos o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural com a finalidade de proteger através de mais um organismo os bens materiais e imateriais do município. O novo conselho vem se somar ao Conselho Municipal de Cultura na fixação de políticas públicas e mostra a preocupação com o patrimônio friburguense que vem ao longo dos anos sendo deteriorado pelo tempo, pela má conservação e pela indiferença. São incontáveis os casos de demolição e de abandono de prédios de valor arquitetônico, permitindo que parte preciosa da nossa História virasse poeira.
NOVA FRIBURGO vem assistindo ao crescimento urbano, à expansão imobiliária e à ocupação de suas áreas de risco, tornando o planejamento urbano um desafio que não pode aguardar soluções futuras. Medidas preventivas devem ser tomadas, organizando o crescimento em modelos com as aspirações de qualidade de vida que todos desejam. Este é o maior patrimônio.
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