Pela primeira vez, os países que compõem o Mercosul lançam relatório conjunto sobre aids e sífilis congênita. Apesar de terem realidades diferentes, o Boletim Epidemiológico mostra que o número de tratamentos antirretrovirais para pacientes da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai dobrou em dez anos—de 109 mil pessoas, em 2000, para 234 mil em 2009. Os quatro países também têm em comum a predominância de aids em homens e a concentração de casos na faixa etária de 35 a 39 anos de idade. Outro dado positivo é a redução significativa da taxa de transmissão vertical (da mãe para o bebê).
“Queremos que os números encontrados nos indiquem como cada um pode ajudar o outro, por meio de projetos de cooperação técnica”, explica Gerson Pereira, gerente da área de Vigilância, Informação e Pesquisa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A iniciativa faz parte de acordo assinado pelos países do Mercosul, em 2003, que definiu as áreas prioritárias para ações de controle do HIV/aids e sífilis nesse bloco.
O lançamento da publicação ocorreu nesta quarta-feira, 29, no maior debate relacionado à prevenção da aids, doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais. A discussão nacional está sendo realizada no Anhembi, São Paulo, de 28 a 31 de agosto, hoje. A publicação completa está disponível em www.aids.gov.br/publicacao/2012/boletim-epidemiologico-mercosul-2012.
Em relação às taxas de incidência (número de casos a cada 100 mil habitantes), há particularidades. Em 2000, a incidência na Argentina era de 6,8. Em 2009, passou para 3,9. No Paraguai, passou de 6,1 para 4,3, no mesmo período. No Uruguai, a taxa foi de 6,1 para 8,6, em dez anos. No Brasil, a taxa de incidência passou de 17,9 casos, em 2000, para 18,8, no ano de 2009.
Gerson ressalta que um aspecto a ser considerado é a diferença dos critérios de definição de casos. “Para fazermos o diagnóstico de aids no Brasil hoje, por exemplo, o CD4 tem que ser inferior a 350/mm3. Na Argentina, o valor é bem menor. Isso significa que a nossa incidência é maior porque consideramos casos de aids algumas situações que para eles significam apenas a presença do vírus e não da doença”, esclarece.
Os casos de sífilis em menores de um ano sofrem gradativo crescimento no Mercosul, em dez anos (2000 a 2009). “O dado reforça a importância do cumprimento do compromisso assumido pelos países, em relação à eliminação da transmissão vertical do HIV e da sífilis, até 2015. No Brasil, uma das ações para alcançar essa meta é a disponibilização de testes rápidos para todas as gestantes, até 2013”, acrescenta Gerson.
No Brasil, o tratamento para sífilis está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todos que precisam. Contudo, a doença é silenciosa e a busca por tratamento é baixa. Estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em 2009 mostra que cerca de 10 milhões de brasileiros já tiveram algum sinal ou sintoma de doenças sexualmente transmissíveis, mas 18% dos homens e 11,4% das mulheres não procuraram qualquer orientação médica.
SERVIÇO
IX Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, II Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais, VI Fórum Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e DST, V Fórum Comunitário Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e DST
28 a 31 de agosto, Anhembi Parque, São Paulo
Lançamento do Boletim Epidemiológico da Comissão Intergovernamental de HIV/Aids da Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul
29/08 – 11h, espaço Lançamento, Vila Cultural
Participantes:
Carlos Falistocco, Direção de Aids e DST, Ministério da Saúde, Argentina
Edurado Barbosa, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde do Brasil
Susana Cabrera, Programa DST/Aids, Ministério da Saúde, Uruguai
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