Há alguns poucos anos, quem passava pela Avenida Governador Roberto Silveira—principal via de acesso ao distrito de Conselheiro Paulino—ainda que visse o intenso crescimento do comércio, construção de casas e edifícios na localidade, observava também um cenário composto por suntuosas e centenárias árvores, dispostas ao longo da margem do Rio Bengalas. Hoje, o estranhamento é inevitável, já que o verde deu lugar ao cinza dos passeios e as apáticas grades de proteção.
De médio e grande porte, as árvores retiradas eram de espécies variadas e, além de embelezar a paisagem, contribuíam para o sombreamento da avenida e consequentemente para a diminuição das temperaturas. Isso, sem mencionar a importância delas para o planeta de maneira geral.
Contudo, mesmo com tantos benefícios, a retirada das árvores no decorrer das margens do Rio Bengalas foi avaliada como necessária em virtude das obras de canalização do rio. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), no total, 250 árvores serão cortadas por causa do projeto.
Praticamente na reta final, a ausência de vegetação no trecho tem causado incômodo em moradores e motoristas que passam pela avenida. Além disso, leitores de A VOZ DA SERRA vêm questionando se faz parte do projeto da obra o reflorestamento da margem e/ou se alguma intervenção, a fim de contrabalançar a remoção da vegetação, será tomada. “Todas as árvores da margem do rio foram retiradas. Será que elas serão replantadas?”, indaga o vendedor Daniel Santos, de 26 anos, acrescentando que “é claro que a obra é muito bem-vinda, mas era bem mais bonito quando havia verde”, observa.
Em nota sobre o assunto, o Inea informou que “para cada árvore retirada serão plantadas cinco como forma de compensação, em uma área de 20 mil metros quadrados no Jardim Califórnia, próximo ao Córrego Dantas”. O órgão, entretanto, não falou sobre o reflorestamento do local, conforme prevê o projeto inicial.
Vale destacar ainda que, além do desassoreamento, dragagem e canalização do rio que margeia o eixo rodoviário de Nova Friburgo, a proposta engloba a urbanização do entorno do mesmo, com a criação de ciclovia e áreas de lazer para as comunidades como forma de frear a ocupação desordenada e o consequente estrangulamento do leito.
A obra
Iniciadas em 2013, as obras de controle de inundação e recuperação ambiental do Rio Bengalas vêm sendo realizadas em Nova Friburgo pelo Consórcio Rio Bengalas, formado pela EIT Engenharia e a Ferreira Guedes, vencedoras da licitação para a criação do parque fluvial. Foram investidos R$ 195 milhões no projeto pelos governos estadual, por meio da Secretaria de Ambiente e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e federal, com verbas do PAC 2. A previsão é que o projeto seja concluído até abril do próximo ano.
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