Por Bruno Pedretti
As filas se tornaram cotidianas no universo friburguense. É fila para o aluguel social, FGTS, documentos que foram perdidos, materiais de limpeza e higiene pessoal e, na manhã da última quinta-feira, 17, mais pessoas se aglomeravam numa fila, desta vez, no Centro de Convivência de Feliz Idade (antigo Clube do Xadrez), onde estavam sendo distribuídas cestas básicas. Os mantimentos eram frutos de doações concentradas na Fábrica Ypu, ponto central do recebimento de donativos. Cerca de 750 cestas básicas foram ofertadas, tendo o secretário municipal de Assistência Social, Carlos Antônio Maduro, à frente da organização e distribuição.
Maduro garante que todos os donativos que chegaram ao município foram monitorados, com controle de entrada e saída das doações. “Montamos uma central informatizada, para mostrar com clareza e responsabilidade todos os suprimentos que estavam chegando e que têm chegado, e também um sistema de saída. Começamos a trabalhar com 79 abrigos e todas as doações estavam sendo direcionadas aos abrigos oficiais, em dois sentidos: encaminhando suprimentos aos desabrigados e cestas básicas, produtos de higiene pessoal e água às pessoas que estavam em redes solidárias”, explica.
Carlos Maduro conta que após a tragédia a secretaria teve que buscar alternativas para atender a tantos que necessitavam de ajuda. “As comunidades que estavam em redes solidárias precisavam de pontos logísticos para retirar os suprimentos. Classificamos os abrigos como pontos estratégicos para a população. Hoje temos 24 abrigos e nosso objetivo é que esses lugares deixem de existir, mas temos que dar um suporte aos abrigos”, informou. O secretário lamenta que o volume de doações tenha diminuído bastante e destaca que ainda está recebendo doações na Fábrica Ypu. “O que nós temos hoje de doações talvez não seja suficiente para atender à grande demanda dos abrigos, mas também sabemos que existem pessoas que precisam”, comenta.
Em quatro pontos de Nova Friburgo foram montados Centros de Referência da Assistência Social (Cras). Em Conselheiro Paulino, no Suspiro, Campo do Coelho e em Olaria, é possível encontrar um Cras. “O objetivo é que toda a doação que chegue à Fábrica Ypu atenda à população. Não queremos reter nada. Mas as pessoas devem entender que as doações chegam através de fardos, e temos que separar os itens para fazer kits”, diz Maduro. Trabalham na Ypu funcionários da Assistência Social e uma equipe de 30 pessoas contratadas para montar as cestas básicas, carregar e descarregar os caminhões e entregar os suprimentos.
A cesta básica é composta por arroz, feijão, macarrão, café, extrato de tomate, leite, açúcar, sal, óleo e biscoito. “Durante a semana estamos entregando suprimentos em Conselheiro Paulino, Campo do Coelho, nas comunidades, levamos água para esses lugares. Só no Xadrez foram entregues 450 cestas básicas diariamente e hoje 750 kits foram distribuídos”, garante Maduro.
A desempregada Daniela Gonzaga foi até o local para retirar uma cesta básica, já que a única renda que possui é da Bolsa Família. “Tenho seis filhos e perdi bastante coisa com essa tragédia. Essa doação vai me ajudar muito, veio na hora certa”, comentou.
Doação de alimentos ainda é necessária
“O que tenho de cesta básica está praticamente zerando”, pontua Maduro. O secretário comenta que precisa de mais doações para complementar as cestas básicas. A população pode ajudar com macarrão, extrato de tomate, café, óleo, açúcar, biscoito, leite em pó de pacote, pois feijão e arroz ainda são encontrados na Fábrica Ypu, mas, para que a montagem da cesta básica fique completa, esses itens são fundamentais. “Preciso aguardar novas doações para que possamos disponibilizar à população”, diz.
Quem quiser colaborar deve encaminhar os donativos ao depósito central, na Fábrica Ypu. “Nenhuma mercadoria está sendo estragada, elas estão separadas por prazo de validade, saem primeiro as mercadorias com prazo menor”, afirma Maduro. Voluntários também são requisitados pela Assistência Social para ajudar na separação das roupas.
Maduro acredita que, com a ação de ontem, conseguiu atender às comunidades. “Acho que tem que haver bom senso, não é possível estocar, é uma cesta básica por família, para que todos possam receber. Temos que atender às famílias no que elas precisam no momento, mas não podemos cair no assistencialismo. O centro de referência é muito importante, porque é necessário cadastrar as famílias numa política pública para que se capacitem em cursos”, frisa.
Cursos de panificação e de cozinha escola começarão em breve
As pessoas cadastradas nos programas da Assistência Social de Nova Friburgo terão a oportunidade de participar do curso de panificação e de cozinha escola, através de convênio entre os governos do Estado e municipal, denominado Programa de Atendimento Integral à Família (Paif). O processo de capacitação acontecerá em Conselheiro Paulino e as apostilas já estão sendo montadas. Serão inicialmente duas turmas para cada curso. O intuito é que as famílias que perderam grande parte dos bens vislumbrem uma nova alternativa para recomeçar.
O objetivo dos organizadores é que o curso não seja muito demorado. “Pretendemos fazer um curso de no máximo 30 dias, para que a pessoa já entre no mercado de trabalho. A maioria das pessoas não é capacitada para trabalhar, vamos preparar o básico, para que aprendam na prática”, comenta Jansen Ferreira Alves, um dos organizadores do curso e instrutor da Assistência Social.
A opção por cursos ligados à culinária é por conta do polo gastronômico de Nova Friburgo, que vai, inclusive, colaborar com o turismo local. “A intenção é que num curto prazo de tempo tenhamos mão de obra qualificada para reerguer a gastronomia com qualidade”, diz Jansen, acrescentando que outros cursos estão sendo estudados.
Mais informações podem ser obtidas na Secretaria de Assistência Social, localizada na Rua Augusto Spinelli 160, Centro.
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