Marco Fentanes, diretor da Cia. Filarmônica de São Paulo, que se apresentará em Nova Friburgo nestes dias 4 e 5, abrindo a temporada 2009 do Teatro Municipal de Nova Friburgo na Praça do Suspiro, fala nesta entrevista sobre o sucesso do espetáculo The Beatles Songs, projeto que há seis anos integra os shows da Cia. Filarmônica.
A qualidade musical dos integrantes da banda é indiscutível, a gama de experiências vividas com outros artistas deve ser grande também. Alguns integrantes da banda tocam ou já tocaram com artistas de renome nacional ou internacional?
- Sim. Gel tocou com Rita Lee, Guilherme Arantes, além do seu próprio grupo, o Rádio Táxi; Eduardo Leão com as bandas Rockover e Búfalo; Bibo Bueno tocou com o Camisa de Vênus e outras bandas do rock nacional. O pessoal das cordas pertence a orquestras importantes, como a Sinfônica de Campinas, a Sinfônica Estadual de São Paulo e a Orquestra Experimental de Repertório de São Paulo. Já Daniel Malozzi e Flávio Fernandes são jovens e este é o primeiro trabalho deles.
Como surgiu a ideia de unir os estilos clássico e rock?
- Os Beatles fizeram isso. Em grande parte da obra deles existem arranjos para cordas.
A banda inicialmente teve a intenção de ser cover dos Beatles?
- Nunca. Não gosto desta forma de show, acho meio caricato. Fazemos um show em que a música dos Beatles é a protagonista. Mas o resto é nosso: arranjos, o jeito de tocar, a forma de fazer humor com a obra dos Beatles.
Qual foi o critério utilizado na escolha das canções do show?
- As que mais gostamos, as mais pedidas e as mais representativas da obra dos Beatles.
Os arranjos da música são os originais. Como vocês os adaptam para todos os instrumentos do show?
- Os arranjos são novos. A maioria se aproxima dos originais.
Como é tocar um repertório de um dos grupos pops mais influentes e conhecidos do mundo?
- Uma delícia, todos adoram tocar! É um trabalho e tanto, mas também é um prazer imenso. Não cansamos de ouvir.
Em todos esses anos de estrada, muitos foram os lugares já percorridos. Quais os mais marcantes?
- Somos recordistas em apresentações na cidade de Campos do Jordão. Mais de 80 apresentações. Cumprimos quatro temporadas em São Paulo: no Teatro Folha (duas), no Bar Brahma e no Avenida Club. Viajamos para os principais teatros das seguintes cidades: Goiânia, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Rio de Janeiro, entre outras.
Algumas situações engraçadas sempre acabam acontecendo nessas viagens, não é? Qual o lugar mais inusitado que vocês já visitaram ou fizeram um show?
- Fizemos o show de encerramento do Festival de Inverno de Nova Friburgo, em 2002, com um frio de nove graus, em cima de um trio elétrico e com a praça lotada (15 mil pessoas).
Nos shows a faixa etária é bem diversificada. Em sua opinião, o que leva a essa diversidade etária?
- Beatles conversa com todas as faixas etárias. Normalmente em nossos shows crianças são levadas pelos pais e vice-versa. Os adolescentes adoram Beatles! É música boa e atemporal.
Como vocês equilibram a interação do público e o humor do show ao tradicionalismo das cordas?
- Sem nenhuma reverência. Todos convivem anárquica e democraticamente.
O rock dos Beatles e a música clássica da Orquestra Filarmônica de São Paulo resultaram num casamento de sonoridades alcançado por poucos grupos musicais. Existe uma fórmula para este sucesso?
- Não há fórmula. Acredito no talento dos músicos e na longevidade do show. Há uma grande sinergia. Há uma novidade, que é a convivência de instrumentos de música erudita com os de música popular. E ainda há o humor.
Além do show The Beatles Song, a Cia. Filarmônica de São Paulo possui algum outro projeto diferenciado?
- Realizamos algumas turnês com um concerto sobre música colonial brasileira, do maestro e pesquisador Marcelo Martins. E também temos um espetáculo chamado Cinema, com as canções mais importantes da história do cinema e a mesma formação musical.
Existe sempre expectativa quando a banda não conhece o local onde tocará. O que vocês esperam dos shows em Nova Friburgo?
- Sempre existe uma expectativa, sempre temos muita atenção e nos dedicamos para agradar ao público.
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