Diante de todos

sexta-feira, 24 de maio de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Ela vem toda de branco, sobre o tapete vermelho que apenas serve de ilustração para os seus sonhos. E todos sonham com os olhos marejados de emoção. Pensam no agora, tanto quanto no futuro. Flutuam no hoje — desejosos de voar para o amanhã. Relembram o ontem, porque os passos dados fazem os desse instante acontecer. Ninguém vê seus pés e talvez o vestido seja longo propositadamente para esconder que, em verdade, os pés dela não tocam o chão.
É chão de estrelas. É véu de açúcar que adoça o ar como se a atmosfera fosse toda de algodão-doce. A meninice se transforma... Adulto de menos se é criança outra vez, ainda que já velha infância se anuncie pelo soar do violino, o transbordar do saxofone e o ecoar do piano. Ecoa o silêncio da esperança, transcende o olhar da fé de quem acredita na vitória plena da força que une uns aos outros. Nascemos assim para estarmos juntos por direito, mais do que por obediência. Testemunhas de quem quer ser testemunha da biografia de outro alguém para que nenhuma biografia seja em vão.
Reunidos pela força do destino, amigos aplaudem a coragem de quem escolhe e se deixa ser escolhido. Nas fileiras dos sonhos, esperança unida ao desejo de ser feliz! Flores ilustram esse mar de sentimentalidades que escapolem até dos que já se deixaram esquecer que sentimentos vêm e vão não porque saem da gente, mas que a gente apenas aquieta-os por necessidade ou desventura.
O desfile antecede o baile. Entra ele, com ombros levantados e coração na boca. Coração que já não é mais seu. Coração doado para que a alma tenha conforto ao unir-se à gêmea que o reencontrou. Os amigos assumem compromisso de avalizar e contentes, em par, se revelam livremente, se despedem das aventuras de solteiro para novas aventuras de quem não perde a individualidade, apenas soma a sua à outra.
Declaram-se publicamente um olhando para o outro. Beijam-se na frente do altar. Abençoados são pelas divindades que assistem felizes para além da estratosfera. Brindam o amor que dá certo. Confiam no “felizes para sempre” que necessariamente precisa de lutas e glórias. Todos aplaudem porque confiam no laço que se enlaça na trilha que soa dos instrumentos musicais, intercalada pelo silêncio de quem adora revigorar-se no exemplo de quem se ama. E quem se ama tem que ficar junto! Aliança no dedo, na boca, no peito, na pele, na alma, no olhar...
Diante de todos, ele diz sim e ela consente. Afinal, a vida é definida pelo amor e o amor define a vida. Diante de todos, ela diz sim e ele consente. Afinal, o amor é definido pela vida e a vida, para ter graça, escolhe o amor. Diante de todos, o amor vence e é festa que não pode acabar jamais!

Por Wanderson Nogueira - wandersonnogueira@gmail.com

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