Falar dos números negativos produzidos pela crise econômica tem se tornado um hábito do brasileiro. E não era mesmo para ser diferente. Sentindo fortemente o impacto em seu bolso e vendo a sua qualidade de vida e de consumo, em apenas alguns meses, retroceder e voltar ao nível de anos atrás, a situação é realmente preocupante e decepcionante.
Preocupante pelo óbvio motivo de não saber como vão ficar as coisas. Se o emprego será mantido, se o salário vai durar até o final do mês, se as contas vão continuar aumentando, se seus benefícios trabalhistas serão mantidos e cumpridos, dentre várias outras dúvidas e incertezas presentes na mente do trabalhador.
Mas, o principal elemento negativo que se percebe nas conversas informais é a decepção. Decepção pois o brasileiro, com seu nível de consumo e sua qualidade de vida melhorando vertiginosamente nas duas últimas décadas, acostumou-se a consumir mais e melhor. O emprego, praticamente abundante, fazia com que os empresários é que tivessem dificuldades para encontrar colaboradores para contratação. O crédito facilitado deu um poder de compra antes inimaginável para boa parte da população. O sonho da casa própria virou realidade. O carro zero entrou na garagem de quem nunca tinha imaginado isso. A lista de compras deu lugar, muitas vezes, ao consumo por impulso. A pesquisa de preços e a pechincha, por sua vez, cederam à comodidade e à facilidade.
Nada disso é negativo. São conquistas naturais de um mundo em expansão e de um país que, de certo modo, acompanhou tal tendência. A grande decepção do trabalhador brasileiro é ver, agora, muitas de suas conquistas que demoraram anos para chegar se desmoronando em tão pouco tempo. É um choque de realidade, mas a melhor saída é voltar aos velhos e bons hábitos que a população tinha nos momentos de incerteza vividos ciclicamente anos atrás.
Consumo planejado, poupança para emergências, substituição de produtos de desejo por outros que suprem a mesma necessidade por um custo mais baixo, pesquisa de preços, listas de compras, uso consciente de veículos. Enfim, poderíamos citar aqui inúmeros elementos que estavam perdidos na rotina diária do consumidor brasileiro mas que precisam, agora, voltar a fazer parte de seu cotidiano, pelo menos até o ciclo de retração se encerrar e a situação econômica do país retomar seu crescimento. Façamos nossa parte e torçamos para que isso não demore muito.
PESQUISA
A pesquisa de preços do Núcleo da Universidade Candido Mendes é realizada sempre às segundas-feiras, no horário entre 15h e 18h, em seis supermercados, com produtos que integram a cesta básica pesquisada nacionalmente. Os valores estão sujeitos a mudanças, dentro de critérios adotados pelos lojistas.
A pesquisa calcula a variação percentual de cada produto, o preço médio de cada item e o valor total gasto mensalmente com cada um deles, considerando-se as quantidades propostas pelo Dieese.
Compare os preços dos produtos que constam em sua lista e faça boas compras.
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