Dia Nacional das Comunicações

quarta-feira, 01 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Valdemes Ribeiro de Menezes (*)

As escolas deveriam ilustrar mais as aulas com brasileiros que se sobressaíram por algo incomun, algo conseguido por vitórias em suas batalhas, não com guerras, mas com paz.

Vamos a um exemplo. No dia 5 de maio se comemorou o Dia Nacional das Comunicações. O que pode parecer simples data no calendário brasileiro, é bom que se ouça invisível orquestra, com acordes de sacudir o coração e alertar para as belezas da vida; sim, embalar os sonhos, pondo o sonhador frente a frente com ele... o Cândido, de origem humilde, nascido em Mato Grosso. Ele mesmo, o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o maior indianista do Brasil, que ganharia prestígio mundial.

Calminha, o extraordinário marechal Rondon não nasceu marechal. Essa patente só lhe foi conferida, pelo Congresso Nacional, em 1955, quando ele tinha 90 anos de idade (o militar indianista e pioneiro das comunicações faleceria 3 anos depois, em 1958). Formado na Escola Militar da Praia Vermelha (RJ), se tornaria ali professor substituto de Matemática. Depois, ajudante de uma comissão encarregada de instalar linhas telegráficas entre Mato Grosso e Goiás. No trajeto, grupos indígenas, remunerados, colaboraram inclusive na demarcação das terras. Foi o primeiro grande salto, porque a chefiar uma comissão para estender linhas telegráficas até o Acre (1.650 km de sertões e 1980 km de florestas virgens). Militares e um grupo de naturalistas e geógrafos (sempre protegendo os índios) acompanhavam Rondon.

Num dos trechos, acampada, a Comissão Rondon trabalhava na ligação telegráfica São Paulo – Paraná, quando foi surpreendida, na selva paranaense, por assustados índios altos e fortes, os caingangues, que se sentiriam ameaçados pela tropa armada de Rondon. O cacique deu um grito de guerra e um dos índios matou a flechada um dos expedicionários.

Revoltados, os soldados queriam vingança. Quando partiram para o ataque. Rondon, em atitude rara, colocou-se à frente de seus comandados e gritou: “Morrer, se preciso for! Matar, nunca!” o gesto de Rondon evitou um massacre, e o cacique até dormiu uma noite com a cabeça apoiada numa das pernas do sertanista. Ao amanhecer, os caingangues chegaram amistosos, festejando o avanço do fio telegráfico sobre suas terras, no dizer do advogado-historiador Alarico Vellasco.

A fama de pacificador repercutiu no mundo, tendo sido condecorado na Inglaterra, em Londres, no Congresso das Raças e elogiado pelo ex-presidente Roosevelt, dos EUA.

Não é à-toa que o país consagrou o 5 de maio (nascimento de Rondon) como o Dia Internacional das Comunicações, e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) intitulou Rondon de civilizador dos sertões.

(*) – Escritor e Jornalista.

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