Henrique Amorim
A diretoria da Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape) promove assembleia terça-feira, 2 de outubro, às 17h30, em sua sede na Via Expressa para decidir o que deverá ser feito com o casarão da Vila Amélia. O imóvel com valor histórico, mas em péssimo estado de conservação, está desativado há um ano desde que a 151ª Delegacia Policial foi transferida para uma nova sede no bairro Vila Nova. A Afape protocolou há quase dois meses na Prefeitura um pedido de autorização para demolir o casarão. A intenção é permutar o terreno de dois mil metros quadrados e avaliado em aproximadamente R$ 700 mil com uma construtora interessada em erguer ali um condomínio residencial. O projeto prevê a construção de cinco blocos de apartamentos, 15% deles cedidos à Afape garantindo renda fixa à entidade assistencial que poderá alugá-los ou até mesmo vendê-los e aplicar o dinheiro recebido no mercado financeiro.
A ideia agradou a diretoria da Afape, que vislumbrou com isso a possibilidade de melhorar o atendimento aos seus cerca de 300 assistidos, a maioria crianças e jovens com necessidades especiais. A instituição funciona com dificuldades, pois depende praticamente dos R$ 35 mil mensais de repasses do governo que nem sempre são creditados em dia. Para manter o funcionamento e a folha de pagamento da equipe de profissionais, a Afape depende da caridade de voluntários e apoiadores.
Já os defensores da preservação do patrimônio histórico local lutam para impedir que o casarão da Vila Amélia seja demolido. O imóvel já foi inspecionado pela Defesa Civil que deverá emitir um laudo sobre os riscos no local e apontar quais os reparos necessários emergencialmente. Ao mesmo tempo a representação regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) demonstrou interesse mês passado em assumir o casarão, reformá-lo e até, quem sabe, transferir sua sede para ele. A Firjan solicitou um prazo de 30 dias para analisar juridicamente essa possibilidade e em seguida propôs prorrogação de mais 20 dias. O prazo termina na próxima terça-feira.
“Caberá à assembleia da diretoria decidir o que fazer. Não podemos manter a situação indefinida por mais tempo, pois corremos o risco da construtora preferir investir em outros espaços disponíveis na cidade para empreendimentos. O processo de autorização para demolição na Prefeitura também está parado enquanto isso”, observa o presidente da Afape, Jorge Wilson de Souza, que admite não ter condições financeiras de reformar o casarão. Ele lembra que antes de optar pela demolição tentou oferecer o imóvel a órgãos públicos e empresas, até mesmo de graça, em troca apenas da garantia de manutenção do imóvel hoje infestado por cupins, escorpiões e roedores, mas não houve interessados.
Quando abrigava a antiga sede da delegacia de polícia, o casarão rendia à Afape R$ 7 mil mensais de aluguel, mas, segundo a instituição, há dívidas antigas que ultrapassam R$ 50 mil. A Polícia Civil também não investiu em reformas. A reestruturação do telhado, há cinco anos, foi viabilizada por parcerias de entidades civis.
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