Deslizamento assusta moradores da Granja do Céu e Rua Regina de Azevedo é interditada pela Defesa Civil

quarta-feira, 10 de julho de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Deslizamento assusta moradores da Granja do Céu e  Rua Regina de Azevedo é interditada pela Defesa Civil
Deslizamento assusta moradores da Granja do Céu e Rua Regina de Azevedo é interditada pela Defesa Civil

Um deslizamento de pedras e terra na manhã de ontem, 9, assustou os moradores da Rua Regina Azevedo, na Granja do Céu. A Defesa Civil foi acionada e interditou por tempo indeterminado a via, a única de acesso ao bairro. A situação é recorrente e causa transtornos às mais de 80 famílias que residem no local: há dois anos a mesma encosta cedeu e a própria população se uniu para realizar a limpeza da rua. Desde então, nenhuma obra de contenção foi feita.

"É uma situação crítica e piorou com essa chuva fina que caiu na noite de segunda-feira e no início da manhã de terça em Nova Friburgo. Algumas pedras ainda têm o risco de cair e por isso temos que interditar a rua”, admite Robson Teixeira, subsecretário da Defesa Civil.

De acordo com os moradores, o deslizamento aconteceu por volta das 8h30 e por pouco não foi uma tragédia. Lucio Motta, residente no bairro há cerca de um ano, presenciou a cena e contou que o carro de um vizinho quase fora atingido por uma pedra no momento do deslizamento. "Ele estava passando no exato instante em que uma pedra rolou, com duas crianças dentro do carro. Qualquer freada poderia ter sido fatal”, relatou.

Durante toda a manhã, pequenas quantidades de terra rolaram para o meio da estrada e ameaçaram a segurança de alguns carros que insistiam em trafegar. "Nós já alertamos várias vezes a respeito do perigo e temos que interditar a rua por tempo indeterminado. Não tem outro jeito, o risco é muito grande. Liberamos a circulação de veículos, mas agora não podemos mais. Outras duas pedras estão engatilhadas para cair e o único jeito é fazer uma contenção. Alertamos aos responsáveis que a obra é necessária”, ressaltou Robson Teixeira, encarregado da operação. Por enquanto não há previsão para a liberação da rua.

Moradores aguardam providências

A interdição da Rua Regina Azevedo não é novidade, bem como a luta da comunidade local por melhorias para o bairro. Geraldo Murilo Tardin mora na Granja do Céu há 44 anos e perdeu a casa no deslizamento de terra do ano passado. O aposentado não conseguiu receber o aluguel social e por isso mora junto com a filha há um ano. "Para ter uma ideia do abandono do nosso bairro, desde aquela época [tragédia de 2011] nós estamos sem ônibus. Recebemos a visita de dois engenheiros e eles disseram que a obra para conter as encostas é cara. Avaliaram em três milhões, mas acho que por muito menos o problema pode ser resolvido. Onde está o dinheiro dos nossos impostos?”, indaga. 

Dezenas de idosos e crianças sobem e descem diariamente pela rua. Sem os ônibus, os moradores precisam andar mais de dois quilômetros para chegar em casa e a iluminação do local é precária. Arnaldo Endel, 31 anos, trabalha como vendedor de gás e depende da estrada, assim como os mais de 250 moradores da parte alta da Granja do Céu. "Outros funcionários da minha empresa, que precisam entregar gás para o pessoal nas partes mais altas do bairro, serão prejudicados. Os moradores vão ficar sem compras, porque o caminhão não poderá passar. A cada chuva convivemos com o medo de uma tragédia. Em cima da encosta existe uma rachadura enorme e os riscos são grandes”, alerta, referindo-se ao deslizamento que destruiu a casa de Geraldo Tardin.

A situação de Neila Wetz Lessa, dona de casa de 28 anos, é ainda mais delicada. A filha está acamada e depende que a ambulância suba até sua casa para buscá-las às sextas-feiras, quando viajam para fazer tratamento no Rio de Janeiro. "Não tem como ficar nessa situação. Minha mãe amputou uma perna recentemente. A minha filha respira com a ajuda de aparelhos, depende que a ambulância suba até lá e eu não sei o que fazer. Como vou trazer uma criança nos braços nessa situação? É algo impossível”, argumenta.

Secretário de Obras espera por recursos

Por volta das 11h15 de ontem, o secretário municipal de Obras, José Augusto Spinelli, chegou ao local. Nas mãos, o projeto para a construção de um muro de contenção, ainda não concretizado por falta de empresas interessadas na execução das obras. "Abrimos a licitação há cinco meses, mas as empresas alegaram que as dificuldades são muitas e não quiseram assumir a obra”, afirmou o secretário.

Spinelli revelou que o município recorrerá aos recursos estaduais pelo Programa Somando Forças, ou federais, através do Ministério das Cidades. Assim que o projeto for aceito, a concorrência será aberta para o início imediato das obras. A primeira licitação, realizada há cerca de um ano, previa a construção de um muro de gabião (estrutura armada, flexível, drenante e de grande durabilidade e resistência, preenchida com seixos ou pedras britadas) com 32 metros de extensão por quatro metros de altura na base, além de um vigamento estaqueado na parte alta. "A situação é emergencial e, por isso, nós deveremos conseguir que as obras comecem o mais rápido possível. Temos que fazê-las antes das chuvas de verão”, alertou. 

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TAGS: deslizamento | Defesa Civil
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