Desemprego preocupa a população

Falta de vagas, baixa remuneração e qualificação são os aspectos mais comentados
segunda-feira, 29 de abril de 2013
por Vinicius Gastin

O Dia Mundial do Trabalhador será comemorado amanhã, dia 1º de maio. Apesar dos avanços das leis trabalhistas, as altas taxas de desemprego preocupam os brasileiros. Nos próximos dois anos, o número de pessoas sem emprego formal no país aumentará em 500 mil segundo a Organização Internacional do Trabalho. O índice chegou a 6,3% ao fim de 2012 e subirá para 6,5% em 2013, deixando 6,9 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. No último mês as taxas avançaram para 5,7%. Ainda assim, o resultado foi o melhor para o mês desde 2002, de acordo com o IBGE. 

Apesar das dificuldades de recuperação econômica, Nova Friburgo gerou mais empregos do que demissões no último mês: 2.377 foram contratados e 2.188 demitidos, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O setor de indústria e transformação foi o que mais gerou empregos, 778, e obteve variação positiva de 0,69% (760 pessoas perderam os postos). Os setores de comércio e serviços aparecem em seguida na geração de empregos, mas o número de desligamentos superou o de contratações. A administração pública teve a maior variação (diferença entre contratações e demissões) no mês passado—10,74%, com 381 contratações e 32 demissões. 

Porém, de janeiro a março 6.328 novos postos de trabalho foram gerados e 7.032 fechados no município—uma variação negativa de 1,38%. Os números preocupam a população friburguense, que reclama das poucas vagas de emprego e baixa remuneração. Algumas pessoas, inclusive, abrem mão da carteira assinada para trabalhar por conta própria e, desta forma, gerar renda maior. Por outro lado, a falta de qualificação dificulta o preenchimento de algumas vagas disponíveis. Confira algumas opiniões.

 

 

“Tem muita gente com dificuldades em certas áreas de Nova Friburgo. Até mesmo as pessoas que têm um nível melhor de ensino não encontram empregos, porque realmente não existem vagas para atender a demanda. Em outros casos existe o problema do subemprego, onde as pessoas qualificadas ganham um salário muito baixo e acabam desanimando.” 

Carlos Augusto Carneiro, 31, jornalista, Cônego

 

“A cidade oferece poucas vagas de emprego e a maioria delas é para o setor de construção civil. Quem não sabe trabalhar nesta área encontra dificuldades. Depois da tragédia, a situação piorou. Além disso, o salário em Nova Friburgo é muito baixo, a mão de obra não é valorizada.” 

Cesar Braga Gastim, 54, autônomo, Olaria

“Na verdade, existem várias vagas. Basta olhar para as lojas e observar a quantidade de empregos disponíveis. Depende muito da área em que a pessoa quer trabalhar e sua qualificação. Muitas vezes o trabalhador não está qualificado para aquela função. A questão do salário está relacionada, pois não é justo pagar muito a quem não está preparado.” 

Jade Caetano, 19, estudante, Vila Nova

 

“Estou passando por dificuldades. Eu trabalho com artesanato há 11 anos e estou tentando arrumar algum emprego, mas parece que as referências são mais importantes. Eu tenho uma profissão, trabalhei muito tempo como vendedor, mas o artesanato é o meu porto seguro, até pela minha idade. O povo está desmotivado pela baixa remuneração e pelo não cumprimento das leis em alguns casos.” 

Marcelo de Oliveira Moura, 43, autônomo, São Pedro da Serra

 

“Eu prefiro trabalhar por conta própria porque tenho a oportunidade de ganhar mais do que em muitos empregos que eu poderia estar. Se eu tivesse uma boa oportunidade eu aceitaria, mas são poucas vagas. Tenho amigos que estão na mesma situação e preferem trabalhar como autônomos.”

Jorge Roberto, 52, autônomo, Catarcione 

 

“Falta especialização no mercado de trabalho, que está muito oscilante. A cidade está parada, sem investimentos públicos e privados. O emprego existe para a mão de obra qualificada, mas não há disponibilidade de vagas por conta dessa falta de investimento. As pessoas, inclusive, têm a opção de trabalhar por conta própria pela flexibilidade de horários e estão seguindo por esse caminho, principalmente pela falta de perspectiva. Existe a promessa de recursos dos governos estadual e federal, mas até agora nada foi feito.” 

Sergio Bottini, 47, empresário, Paissandu

 

“Depois de tudo o que aconteceu em 2011, muita gente foi embora da cidade e o desemprego cresceu. Quem contrata e precisa da mão de obra qualificada deve valorizar o bom profissional e pagar bem. Achar um funcionário capacitado está muito difícil e por isso as pessoas não encontram facilidades para achar um emprego.” 

Antônio Carlos Diniz, 27, publicitário

 

“As pessoas estão procurando capacitação e sobram vagas no comércio, por exemplo, mas a maioria quer um emprego que não exija muito trabalho. Por outro lado, o trabalhador deve ser mais valorizado. As empresas estão pagando mal.” 

Ana Paula Ramos, 28, vendedora, Centro

 

“Os empregos existem, mas as pessoas estão escolhendo demais e querem encontrar facilidades, ganhar bem sem fazer muito esforço. Eu trabalho no comércio e realmente está um pouco fraco, mas com um pouco de esforço e bom atendimento nós podemos melhorar a situação.”

Amanda Lima, 27, vendedora, Braunes 

 

 

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TAGS: desemprego | economia
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