Depois do susto

quinta-feira, 09 de março de 2017
por Jornal A Voz da Serra

APESAR DE o Brasil ter tido em 2016 o pior desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) entre 38 países, de acordo com o ranking da consultoria Austin Ratings, parece que já atingimos o fundo do poço e começamos neste ano um processo de lenta recuperação, depois de dois anos seguidos de recessão. Os números negativos (3,6% e 38% respectivamente) ficaram para trás, porém deixam tempos difíceis para a economia.

NO SETOR produtivo, encolheram a agropecuária, a indústria e os serviços — que mais empregam. Na demanda, também encolheram o consumo das famílias, o consumo do governo, os investimentos e a poupança. O consumo das famílias responde por 60% do PIB. Ele começou a cair em 2015, depois de 11 anos seguidos de resultados positivos. As causas do mau desempenho foram o aumento da inflação e o aumento do desemprego. 

O DESEMPREGO reduziu a renda das famílias. Para piorar, elas também têm dívidas, resultado de um período anterior de afluência ilusória. Mais de 56% delas tinham alguma dívida em fevereiro último. O setor que mais se ressente do consumo das famílias é o de serviços. Em 2016, ele caiu 2,7%; em 2015, 2,2%. Escola particular e plano de saúde estão nesse segmento. Isso ajuda explicar um pouco a causa do mau desempenho e a busca da população pelos serviços públicos.

INVESTIMENTO e poupança indicam a capacidade que o país tem de crescer. Em 2016, eles continuaram em queda, fazendo o Brasil recuar ao nível de seis anos atrás. A taxa de investimento chegou a 16,4%, e a de poupança, a 13,9%.

PARA QUE um país mantenha um crescimento sustentável, é preciso que a taxa de investimento seja de no mínimo 25%. Com os problemas da economia, governo e iniciativa privada não têm sido capazes de manter o ritmo. 

TUDO INDICA que a recessão acabou, mas a recuperação será demorada. As famílias estão endividadas e açoitadas pelo desemprego. Felizmente, a inflação e os juros estão caindo, e o crédito está voltando a se recompor. A perspectiva neste ano é de crescimento entre 0,3% e 0,6%, impulsionado por uma safra excepcional. Depois do descontrole dos últimos anos, é um número a comemorar porque indica uma progressão afinal positiva. 

 

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