Defesa Civil considera “temerário” que espaço do Odette sirva como escola

Laudo emitido em junho adverte Secretaria de Educação sobre a precariedade do imóvel. Prefeitura diz que vai transferir os alunos
quinta-feira, 08 de agosto de 2019
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Estado de um dos gradis da escola (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)
Estado de um dos gradis da escola (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)

 

Há pouco mais de dois meses, A VOZ DA SERRA denunciou a precariedade do prédio que abriga a Colégio Municipal Odette Penna Muniz, no bairro Vila Nova. Nossa equipe de reportagem constatou diversos problemas na estrutura física da unidade. São problemas de rachaduras no muro, grades quebradas e enferrujadas, salas com o piso estufado, forros de madeira infestados de cupim e muitos vazamentos no telhado. A cozinha é pequena e sem ventilação. O refeitório é improvisado, as paredes estão descascando devido à umidade e há muita fiação exposta. “Os banheiros são piores que os de rodoviária”, definiu uma funcionária.

“Nós somos cobrados diariamente por esses problemas. Não apenas pelos pais, mas também pelos alunos. Em parte, somos atendidos pela Secretaria Municipal de Educação. Mas ainda não o suficiente para termos uma escola de qualidade”, afirmou na ocasião a diretora da unidade, Leila Maria Fernandes, há quatro anos no cargo. 

Também no fim de maio, a Secretaria de Educação informou em nota que “tramita um processo para a construção de uma nova sede para o Colégio Odette no terreno ao lado da creche municipal na Rua Prudente de Moraes e que estava procurando um prédio para alugar com o objetivo de transferir os alunos até que a nova sede seja construída, já que além da demora, o valor a ser investido para manter um espaço que já está ultrapassado em relação ao que o Ministério da Educação considera como adequado, não atenderia aos princípios da economicidade”. No entanto, até hoje os alunos continuam estudando normalmente na unidade em situação precária.

Laudo da Defesa Civil 

A VOZ DA SERRA teve acesso com exclusividade a um laudo emitido pela Defesa Civil de Nova Friburgo no último dia 12 de junho que constata, ao todo, dez problemas na estrutura predial do Colégio Municipal Odette Penna Muniz. Segundo o documento, “todo o telhado apresenta infestação de cupim no seu madeiramento e no forro de madeira;  vazamento de água proveniente da chuva; na parede externa do pátio observa-se deslocamento na aresta com risco iminente de queda; piso interno da cozinha danificado; parede estrutural da cozinha com recalques; piso do corredor com fiação elétrica exposta e risco iminente de acidente; banheiro para usuários de necessidades especiais encontra-se interditado sem possibilidade de uso; banheiro feminino e masculino necessitando de reparos com deficiência de portas e esquadrias; fossa entupida; e compartimento de botijas de gás totalmente vedado, não apresentando respiradouros”.

Na conclusão do laudo, assinado pelo secretário municipal de Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, a Secretaria Municipal de Educação fica “advertida sobre a precariedade que se encontra o imóvel, sendo temerária a sua utilização como escola”.

Vereador critica “negligência”

O vereador Jhonny Maycon disse que a Câmara de Vereadores está acompanhando o caso de perto e criticou a Secretaria Municipal de Educação de “irresponsável”: “É inadmissível que a Secretaria seja tão irresponsável ao ponto de colocar alunos, professores e pais de alunos em risco. O próprio secretário disse que, como pai, não teria coragem de matricular os filhos em determinadas escolas de Nova Friburgo. Então, se o próprio secretário afirma isso, como ele pode permitir que outras crianças corram risco de vida?”, indagou. “Vamos cientificar o Ministério Público cobrando providências, porque é inaceitável que isso esteja acontecendo na Escola Odette. É uma falta de responsabilidade e negligência”, finalizou Jhonny Maycon.

Inaugurado em 1972, o Colégio Municipal Odette Pena Muniz foi projetado para receber até 150 alunos, mas hoje conta com cerca de 550 matriculados e aproximadamente 70 funcionários. A unidade oferece do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, além da Educação para Jovens e Adultos (EJA). São 24 turmas no total, sendo oito em cada turno: manhã, tarde e noite. Mesmo tão tradicional, o Colégio OPM padece com as péssimas condições de conservação e necessita de inúmeras melhorias.

Apesar dos inúmeros problemas estruturais da unidade, a diretora Leila Maria Fernandes exalta o empenho e dedicação da equipe de professores e funcionários de apoio, destaca a importância cultural da tradicional e premiada Banda de Tambores do OPM e garante a qualidade do ensino oferecido.

“Pedagogicamente é uma escola de muita qualidade. E isso já vem de anos. Mas estruturalmente não atende às necessidades de uma escola que tem três turnos, quase 600 alunos e cerca de 70 funcionários”, finalizou a diretora.

O que diz a prefeitura

A reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Prefeitura de Nova Friburgo, que nos respondeu em nota que “tendo em vista a notificação da Defesa Civil, a Secretaria Municipal de Educação irá transferir os alunos para o Colégio Estadual Jamil El Jaick, no Centro, uma vez que não haveria possibilidade de fazer os reparos necessários com a presença de alunos e por conta da previsão de construção de uma nova sede para o Colégio Municipal Odette Penna Muniz”. A nota, no entanto, não informa quando os estudantes serão transferidos.

 

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