De Nova Friburgo para o mundo - 13 a 15 de novembro.

Por Leonardo Lima
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Ilustrador Guilherme Marconi lança seu

trabalho em diversos países, sem sair de casa

Desde a infância, Guilherme Marconi sempre se interessou pelo mundo da ilustração. Mais tarde fez um curso técnico de informática e começou a trabalhar como webdesigner numa agência da cidade. Como não atuava exatamente na área que gostaria, resolveu dar novo rumo à vida profissional. “Durante seis meses fiz editorial para a Abril e há sete anos procurei uma agência de ilustração, a Art Pimp, que me agencia até hoje”, diz.

O primeiro trabalho de Guilherme nesta sua nova empreitada não poderia ser melhor: uma campanha da Nokia América Latina. “Dei muita sorte em conseguir, logo de cara, algo desse porte. Houve uma concorrência de agências para ver quem ia pegar esse serviço, mas, felizmente, deu tudo certo e fui o escolhido”, conta.

A partir daí surgiram diversos outros trabalhos, como para o Banco do Brasil, Itaú e Hawaianas. Não satisfeito apenas com o mercado nacional, Guilherme conseguiu, há três anos, mais duas agências: uma nos Estados Unidos e outra na Europa. Internacionalmente ele já realizou diversos trabalhos para Microsoft, Mazda, Nike e Absolut Vodka. Este último, aliás, foi o que inaugurou seu novo estilo de desenho, que faz relembrar o clássico “Onde está Wally?”. “Estava cansado do estilo de trabalho dos desenhos antigos. Sempre gostei de tumulto, muvuca, e tentei passar isso para o papel. Mostrei para o diretor de arte da campanha da Absolut, ele comprou a ideia e liberou o trabalho. O tema era Brasil e tive bastante liberdade para produzir”, explica.

Entretanto, liberdade para produzir é algo pouco comum na vida de Guilherme. “Normalmente os prazos são muito curtos. Muitas vezes eu recebo o pedido sexta à noite e tenho que entregar segunda de manhã. Quando é assim, quase não durmo e, se durmo, são no máximo umas duas horas. Uma semana de prazo é tempo demais”, brinca. Além disso, ele explica que pena com determinadas exigências. “Empresas institucionais costumam ser bem mais rígidas. Se eu incluir uma cor um pouco diferente das que normalmente saem nas propagandas delas, certamente terei que refazer o trabalho”, frisa.

Talento: ilustrador se consolida no mercado mesmo sem nunca ter feito cursos específicos

Se, por um lado, sua agenda é bastante movimentada, por outro Guilherme Marconi tem a possibilidade de realizar seu trabalho no ambiente que mais gosta: sua casa. “Aonde vou as pessoas me perguntam se ainda moro em Nova Friburgo. Sim, sempre morei aqui. Não pretendo sair, embora já tenha tido propostas para morar até em outros países”, afirma o ilustrador, que acredita que sua permanência na cidade se deve ao fato de ser agenciado. “As agências recebem os pedidos, negociam com os clientes e passam as propostas para mim. No Brasil elas ficam com 20% do pagamento; lá fora, com 25%”, revela.

Apaixonado por desenhos, Guilherme conta que nunca demonstrou muita afinidade com a sala de aula. “Terminei o ensino médio e decidi não fazer faculdade. Também nunca fiz cursos para aprimorar minha forma de ilustrar. Apenas resolvi estudar por conta própria um pouco sobre história da arte e, como minha esposa é psicóloga, li alguns livros dela sobre gestalt e teoria das cores”, afirma. No entanto, ele garante que a pouca bagagem teórica não influencia em sua profissão. “Se eu trabalhasse dentro de uma agência de publicidade acredito que faria falta sim, mas, como meu trabalho é mais artístico, não. Me procuram apenas por causa do meu estilo de desenhar”, acredita.

Questionado se já recebeu convites para ensinar suas formas de fazer arte, Guilherme diz que sim, mas esclarece o motivo para tê-los recusado. “Já me convidaram para dar cursos, mas não topei. Não é nem por má vontade. O problema é que não sei mesmo ser professor”. A respeito do retorno financeiro da profissão que abraçou, o ilustrador afirma que os ganhos são satisfatórios e o valor de cada trabalho se define através de três fatores: o tempo de utilização das imagens pelos clientes; o número de mídias em que elas serão veiculadas; e o porte da empresa contratante.

Aos 28 anos e consolidado no ramo, o friburguense adianta que já tem até um plano B, caso seu estilo passe a ser feito também por outros ilustradores. “Até hoje ainda não me copiaram, pelo menos não descaradamente. Mas, mesmo assim, desde o início do ano venho desenvolvendo um novo estilo, com a ajuda do meu agente, Marco Freitas. Por enquanto, não coloquei nada no ar”, comenta.

Guilherme raramente faz algum trabalho para empresas de Nova Friburgo, embora diga que não existe nenhum motivo específico para isto. Atualmente ele está produzindo três modelos de embalagens para a bebida mexicana Malibu, e busca um lugar para realizar uma exposição. Indagado se Nova Friburgo poderia ser o local escolhido, ele não pensa duas vezes: “Sim, aqui também seria muito interessante”, conclui.

Quem quiser saber mais sobre o trabalho do ilustrador pode acessar o site www.marconi.nu.

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