Estimular a adoção de um sistema de produção sustentável baseado no revolvimento mínimo do solo, na cobertura permanente (morta ou viva) e na rotação de culturas. Esse foi o objetivo das oficinas realizadas em Trajano de Moraes e em Sumidouro, nos dias 1º e 2 passados, com a participação de produtores rurais e de técnicos da pesquisa e da extensão rural.
A atividade foi mais uma iniciativa da Rede de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas, fórum articulado pelo Programa Rio Rural (da Secretaria Estadual de Agricultura) que reúne instituições parceiras do setor agropecuário. Paralelamente, a ação está relacionada ao projeto Cultivo de Hortaliças em Sistema Plantio Direto, desenvolvido pela Embrapa Hortaliças e executado pelos pesquisadores Carlos Pacheco, Nuno Madeira e Italo Ludke. O objetivo é estimular o desenvolvimento do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em áreas montanhosas através de cursos de capacitação, treinamentos, dias de campo e também com a implantação de novas unidades demonstrativas nas microbacias da Região Serrana.
A tecnologia em questão consiste na utilização de plantas de cobertura para formação de palhada. Dentre as vantagens, a redução em mais de 80% do processo de erosão e a maximização da eficiência do uso da água, diminuindo a necessidade de irrigação. Além disso, há a elevação dos teores da matéria orgânica do solo e a redução do uso de maquinário, todos com efeito positivo nos custos de produção.
Atualmente, existem unidades demonstrativas de SPDH instaladas em Sumidouro e em Nova Friburgo, cujos resultados já vêm sendo avaliados desde 2011. A ideia é sensibilizar os agricultores da serra quanto aos benefícios dessa prática. "O plantio direto possui um histórico de resultados benéficos no país desde os anos 80, principalmente nas lavouras familiares de cebola, tomate, abóbora, repolho e alface. É importante para a sustentabilidade da agricultura e pode ser implementado dentro das mais variadas realidades socioeconômicas”, defendeu o engenheiro agrônomo Nuno Madeira, pesquisador da Embrapa Hortaliças.
Renato Agostini Xavier Filho, de Sumidouro, produz 20 tipos diferentes de alimentos orgânicos (entre frutas, verduras e legumes) e possui uma agroindústria especializada na produção de brotos comestíveis. Com uma unidade demonstrativa de SPDH instalada em seu sítio, já percebe as primeiras transformações. "Desde que apostei no plantio direto, diminuiu o trabalho de capina, por exemplo. Acho que vai melhorar minha produtividade, também pelo aumento da fertilidade do solo”, revelou o agricultor, que utiliza a aveia como planta de cobertura produtora de palhada.
Já o produtor convencional José Gallo, outro beneficiário da tecnologia em Sumidouro, já fez a palhada com o milho e pretende experimentar ainda o trigo, a aveia e o milheto. "Aqui no meu sítio os resultados foram tão bons que meu sobrinho acabou se sentindo estimulado a experimentar o plantio direto e também gostou”, disse.
A realização das oficinas teve o apoio direto do Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura, da Emater-Rio e da Embrapa Hortaliças.
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