A crise hídrica que atingiu várias metrópoles e municípios de norte a sul do Brasil nos últimos meses trouxe prejuízos não só para o abastecimento de água e a geração de energia elétrica. A falta do recurso natural que parecia abundante até pouco tempo atrás motiva o possível cancelamento de um dos mais belos eventos do inverno friburguense. A tradicional Festa da Cerejeira, também conhecida como Hanami, pode não ser promovida este ano em função da escassez de água.
Segundo os organizadores, faltam condições de oferecer um atendimento de qualidade aos visitantes e turistas que costumam marcar presença na festa, realizada sempre nesta época do ano no sítio Matsuoka, em Florândia da Serra (a quatro quilômetros da Ceasa de Conquista). “Não temos água para o bom funcionamento dos banheiros e da cantina, o que está inviabilizando a realização da festa este ano. Essa é a maior seca que tivemos nos últimos 40 anos, com chuvas que não chegaram a um terço da média dos últimos anos”, disse o proprietário do sítio, Cláudio Matsuoka.
Para evitar transtornos ao público, a alternativa encontrada até o momento foi suspender a edição deste ano da festa, organizada pela colônia japonesa do município, sem parcerias com o poder público e entidades de turismo. Apesar disso, o local está de portas abertas aos visitantes que quiserem conferir a exuberante floração das cerejeiras, prevista para estar no ápice entre os dias 18 e 25. “Os visitantes são bem-vindos ao sítio para piqueniques e fotos. Acredito que as árvores floresçam entre este e o próximo fim de semana”, afirma Matsuoka.
O provável cancelamento da festa foi recebido com surpresa por muitos frequentadores acostumados ao evento anual de celebração da cerejeira, principal símbolo da colonização japonesa no município. A árvore floresce apenas uma vez ao ano, quando há uma elevação da temperatura após a passagem de uma onda de frio intenso. A floração costuma durar cerca de duas semanas, num espetáculo de rara beleza evidenciado na festa e que não passa despercebido aos olhos dos friburguenses e turistas.
Após contato do jornal, secretaria de Turismo agenda reunião para tentar viabilizar o evento
Na tarde da última segunda-feira, 13, a redação de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura solicitando uma nota oficial a respeito do fato. O pedido ressaltou que alguns leitores estavam inconformados com o cancelamento e sugeriram que a prefeitura, através da Secretaria de Turismo, viabilizasse a realização da festa, disponibilizando banheiros químicos e caminhões-pipa junto à concessionária.
Na manhã de ontem, 14, a redação recebeu um primeiro comunicado onde o secretário de Turismo, Nauro Gerhs, “se coloca à disposição para receber e estudar qualquer solicitação que venha a ser feita pelos organizadores da festa”. Em seguida, outra nota foi encaminhada à redação informando que o secretário não recebeu nenhuma solicitação oficial requisitando apoio para o evento por parte dos organizadores. “Mesmo assim, representantes das secretarias de Turismo e de Meio Ambiente agendaram uma reunião para quinta-feira, 16, às 10h, no sítio, para uma análise sobre o que poderá ser feito para remediar a situação e contribuir para a realização do tradicional evento da cultura japonesa”, conclui a nota.
Você sabia?
Originária da Ásia, cerejeira é o nome dado a diversas espécies de árvore que produzem frutas ou madeira nobre. Cercada por simbolismos, na cultura japonesa é chamada de Sakura quando florida, e era associada ao samurai, que tinha vida tão efêmera quanto a da flor. Seu fruto pode ser relacionado à pureza e castidade, quando ainda na árvore, ou à luxúria e ao erotismo, quando arrancado do pé e degustado. Na Índia a flor é considerada sagrada. Reza a lenda que nas casas onde cresce a cerejeira nunca nada há de faltar.
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