Com a proposta de incluir as crianças com deficiência visual (baixa visão e cegas) no criativo e rico universo da literatura, a produtora cultural Silvia Maria Track, com o patrocínio da Fundação Nestlé Brasil, lançou recentemente os dois primeiros títulos da Coleção Edelweiss – Brisa-Brilho e Mãe da Vida –, pioneiros no Brasil a atender tecnicamente também o público infanto-juvenil com deficiência visual.
Para adaptar as obras às técnicas que permitirão a sua leitura pelas crianças com baixa visão, Silvia Track, co-autora dos livros, seguiu as orientações sobre o tipo e tamanho das letras, contraste de cores e contornos bem demarcados nas ilustrações. Com objetivo de também atender às crianças cegas, metade dos exemplares foi transcrita e impressa em Braille e será doada à Sociedade Campineira de Atendimento ao Deficiente Visual Pró Visão para redistribuição às bibliotecas das entidades afins de todo o Brasil.
Vale destacar que o Pró Visão orientou a edição das publicações quanto à adequação dos textos e das ilustrações para permitir a leitura pelas crianças com deficiência na visão. Com tiragem inicial de 6 mil exemplares, os livros têm ilustrações assinadas pelo desenhista Paulo Branco. A distribuição está a cargo da Associação para Estudos e Projetos em Esportes, Cultura e Meio Ambiente - EDELWEISS.
Baixa visão e cegueira no Brasil
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – de 2000 – dos 24,5 milhões de brasileiros com deficiência, 16,5 milhões (67%) são deficientes visuais (baixa visão ou cegos). Destes, 32% (5,2 milhões) são crianças. Apenas no estado de São Paulo são 2,6 milhões de pessoas com deficiência na visão.
“Estas são as primeiras obras literárias totalmente adequadas às crianças com baixa visão. Para essas crianças trata-se de uma questão de ler ou não. Mais do que conhecimento, permitir o acesso das crianças com baixa visão à leitura é proporcionar a elas a organização intelectual, fundamental para o seu desenvolvimento”, explica Maria Cristina Von Zuben de Arruda Camargo, presidente do Pró Visão, entidade que funciona há 29 anos em Campinas.
De acordo com ela, até hoje, os poucos livros destinados às crianças com baixa visão erroneamente trazem letras grandes, sem considerar que doenças como o glaucoma, por exemplo, tornam a visão tubular e a ampliação das palavras apenas fará com que o texto saia do campo ocular. “Este projeto é o primeiro adequado a elas”, elogia.
Histórias sobre natureza,
autoestima e cidadania
Em Brisa-Brilho, Kathia Vieira usa o nascimento de uma brisa para mostrar o quanto devemos valorizar a nós mesmos e os conhecimentos que adquirimos. Já Suzana Montauriol trata, em Mãe da Vida, de temas sobre a diversidade cultural, ambiental e filosófica e usa textos poéticos e lendas para falar de autoestima, cidadania e percepção do outro.
“Livros sobre temas ambientais ajudam também as nossas crianças a ingressarem no universo da preservação, já que a baixa visão as impede de ter acesso aos apelos visuais da sustentabilidade, como matas, borboletas e araras. Elas ouvem as falas, mas não podem ver as belezas das fotos e imagens na TV. Por meio das ilustrações adequadas no livro – contornos bem demarcados –, elas passam a ter uma idéia melhor da beleza da natureza”, exemplifica Cristina Von Zuben.
Mais sobre a coleção
de livros Edelweiss
A proposta da Coleção de Livros Edelweiss é acessar o universo infantil por meio da ludicidade, despertando nas crianças o interesse pelo seu entorno, além de investir na integridade pessoal e social dos grupos envolvidos e divulgar um conceito ambiental que inclua a responsabilidade de cada um na participação efetiva de uma vida melhor para todos.
A coleção foi batizada com o nome da Associação para Estudos e Projetos em Esportes, Cultura e Meio Ambiente - Edelweiss, que ficou responsável pela distribuição dos livros. O objetivo da Edelweiss é promover atividades ligadas à cultura, à arte e, também, ao esporte e meio ambiente.
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