Com preço da gasolina nas alturas, friburguenses têm se interessado cada vez mais pelo Gás Natural Veicular (GNV). Mais econômico e menos poluente, o gás chega a ser R$ 2 mais barato que a gasolina em cidades do estado. Em Nova Friburgo, a procura pelo combustível só não é maior porque somente um posto fornece o combustível aos motoristas. E o preço é salgado.
A produtora rural Clara Pontes adquiriu, em dezembro, um carro já com o kit GNV instalado. “Foi uma opção que fiz, porque rodo muito com o veículo a trabalho. O gás é muito mais econômico que a gasolina”, diz ela, que destaca outra vantagem. “Eu abasteço o carro só duas por semana com o gás. Se usasse gasolina, teria que abastecer quase todo dia”.
Clara (foto) estava na fila do único posto que oferece o combustível em Nova Friburgo, o RJ Combustíveis, localizado na RJ-130, em Duas Pedras. Na manhã da última segunda-feira, 13, cerca de 15 motoristas aguardavam atendimento no posto para abastecer os cilindros de seus carros. A fila indiana dava uma volta no posto e quase chegava à via que liga Nova Friburgo a Teresópolis.
“A desvantagem é que só tem esse posto na cidade. Está assim, formando filas há meses porque só há gás de manhã. O motorista tem que vir até meio-dia, uma hora, para abastecer, se não, não consegue. Hoje, vou ficar uns dez minutos na fila. Mas já fiquei 40 minutos, com a fila descendo a avenida”, reclama Clara, que também se queixou do preço cobrado no posto.
Todos os motoristas ouvidos por A VOZ DA SERRA no posto foram unânimes em reclamar do metro cúbico do GNV, que estava custando R$ 3,65. A última pesquisa de preços realizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), este mês no estado, mostrou que o metro cúbico mais barato foi encontrado em São João de Meriti (R$ 2,42), e o mais caro, em Araruama (R$ 3,35). Friburgo não estava na lista da pesquisa.
“Eu costumo abastecer no Rio, porque trabalho lá e é muito mais barato. A diferença chega a R$ 1,30. Aqui não tem concorrência, né?”, disse Sidney de Souza (foto), motorista de transporte executivo. Ele utiliza GNV no carro há cinco anos. Na época, investiu R$ 5 mil no kit. “É muito vantajoso para mim, porque trabalho com o veículo. Consigo fazer 240 quilômetros com cilindro cheio”.
A procura por GNV disparou, em maio, durante a greve dos caminhoneiros. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidora e Gás Canalizado (Abegás), só naquele mês, houve um aumento médio de 70% na procura pela conversão de veículos para o sistema GNV. O consumo do combustível subiu 13,9% na comparação com maio de 2017. No acumulado do ano até agosto, a alta é de 10,2%.
No RJ Combustíveis, único posto que fornece GNV em Nova Friburgo, o movimento também aumentou naquele período, mas já voltou ao normal, disse o gerente André Luiz Svoboda. A procura oscila de acordo com o preço dos combustíveis líquidos, sobretudo, gasolina, que na cidade está na faixa dos R$ 4,90. “O diesel baixou com a greve, mas a gasolina continua cara, o que aumenta a procura pelo gás”, disse.
A fila de veículos tem se formado no posto, porque o GNV acaba rápido. De acordo com Svoboda, uma das duas carretas que fazia o transporte dos cilindros de Guapimirim tombou em um acidente na serra de Cachoeiras de Macacu e ainda não voltou a operar. Só uma carreta tem abastecido o posto na madrugada. Os cilindros com 4 mil metros cúbicos de GNV, transportados pelo veículo, costumam zerar no posto antes das 14h.
A VOZ DA SERRA procurou o Sindestado-RJ, o sindicato do comércio varejista de combustíveis, lubrificantes e lojas de conveniências do estado, para saber por que empresários do setor não investem mais em postos de gás veicular em Nova Friburgo, mas a entidade não quis comentar.
Já a Ceg Rio, companhia de gás que fornece o GNV para a cidade, informou que está ampliando a rede subterrânea e prevê o fornecimento para dois postos de combustíveis de Nova Friburgo no próximo ano. “As obras de prolongamento da rede estruturante para atendimento a esses postos estão em andamento, e a previsão é que sejam concluídas em 2019”, informou em nota.
Vantagens e desvantagens
Perto do RJ Combustíveis, Adriano Moura, sócio da NovaGás, única oficina credenciada pelo Inmetro para instalação e manutenção de kits GNV na cidade, também se queixa da falta de fornecedores do gás veicular no município. Para ele, isso atravanca a expansão do uso do gás e quem perde é o consumidor, que deixa de pagar um combustível mais barato e ainda economizar no IPVA. No estado, a instalação do kit reduz o imposto em 70%.
Outro atrativo é que Nova Friburgo agora tem um posto de vistoria para inspeção obrigatória nos cilindros. A Gastruck funciona no Córrego Dantas e é credenciada pelo Denatran e o Inmetro. Antes, os usuários do GNV na cidade tinham que levar o carro a outros municípios para a vistoria, já que o posto do Detran não realizada esse tipo de serviço. O custo da vistoria está na faixa dos R$ 250.
Instalar o sistema de gás tem um custo médio de R$ 2,5 mil para os kits de 3ª geração, instalados em veículos com mais dez anos; e cerca de R$ 3,5 mil para os kits de 5ª geração, usados em carros mais modernos, com injeção eletrônica de gás natural. A utilização do kit requer cuidados. O combustível exige mais do sistema de ignição e requer checagem com periodicidade, diferente de um carro a combustão.
De acordo com Moura, os incidentes de explosão ocorrem, na maioria das vezes, por conta da falta de manutenção e pela utilização de peças com procedência duvidosa ou reutilizadas. "Algumas oficinas não homologadas fazem a instalação de cilindros não verificados. É importante checar todas as notas fiscais e procurar a oficina na lista de autorizadas para realização do procedimento", orienta.
Prós e contras:
Pontos positivos
- Economia de combustível
- Menos poluente
- Mais barato
- Desconto no IPVA
Pontos negativos
- Redução do espaço na mala
- Desgaste antecipado do sistema de ignição
- Dificuldade na hora da revenda do carro
- Perda de potência
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