Cotidiano dos moradores de rua se incorpora ao cenário urbano

Falta de um abrigo na cidade é apontada como a principal causa para o crescente problema
quarta-feira, 02 de setembro de 2015
por Flávia Namen
Um varal improvisado nas plantas da Praça Dermeval Barbosa Moreira
Um varal improvisado nas plantas da Praça Dermeval Barbosa Moreira

Conforme já mostrado em diversas matérias publicadas por A VOZ DA SERRA, alguns espaços públicos de Nova Friburgo permanecem ocupados por moradores de rua e pessoas alcoolizadas. A cen tem sido cada vez mais comum em pontos tradicionais do município e tornou-se um problema crônico. Locais como as praças do Centro — Getúlio Vargas, Dermeval Barbosa Moreira e do Suspiro — viraram ponto de encontro e até dormitório.

A falta de um abrigo para prestar assistência e reencaminhar à sociedade essa população de rua é apontada como a principal causa para o aumento do problema em Nova Friburgo. Algumas queixas enviadas para a redação de A VOZ DA SERRA destacam a necessidade de implantação de um local para acolher temporariamente quem vive nas ruas. Muitos leitores acham que a ausência do serviço está contribuindo para que seja cada vez mais comum encontrar pessoas deitadas nas calçadas e bancos das praças.

Segundo alguns leitores, o problema já foi denunciado aos órgãos competentes mas acabou se incorporando à paisagem urbana friburguense. “Já mandei até fotos para a Assistência Social mostrando a desordem que está na Praça Dermeval, mas de nada adiantou. No domingo passado, 30 de agosto, alguns estavam totalmente alcoolizados, lavando roupas e fazendo uma baderna geral no local”, afirmou uma leitora que preferiu não se identificar.

Segundo nota da Prefeitura, não há projeto para construção de abrigo no município

A redação do jornal entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura solicitando uma nota de esclarecimento sobre a ausência de um abrigo no município para os moradores de rua. Também perguntamos se há algum projeto nesse sentido e recebemos a resposta abaixo:

“Nova Friburgo não possui abrigo para ​população em situação de rua e nem projeto para sua construção. No entanto, disponibiliza 510 vagas para tratamento de envolvidos no uso abusivo de álcool e outras drogas em comunidade terapêuticas conveniadas com o governo do estado, em municípios vizinhos ou próximos​. As vagas são consideradas suficientes para​ atender as 50 pessoas em situação de rua que a cidade tem ​em média, sendo 40 locais e dez flutuantes.​ ​

Contudo, a internação não pode ser compulsória, precisando contar com a vontade de cada cidadão. Com relação à população flutuante que não deseja receber qualquer tipo de tratamento, a SMASDHT realiza o recambiamento técnico dos indivíduos para os seus municípios de origem. Isto se dá através de contato com o Creas (Centro de Referência em Assistência Social) da cidade natal para garantir o acompanhamento e a proteção social do cidadão em deslocamento.

​Há, também, um convênio firmado com o Lar Abrigo Amor a Jesus (Laje) para amparar idosos em situação de rua, quando, conforme mencionado, eles desejam sair das ruas. Além disso, ainda existem cursos disponíveis para a capacitação e inserção no mercado de trabalho através do Sistema S, para aqueles que desejam se (re)inserir no mercado de trabalho formal, seja após a reabilitação da internação ou através do acompanhamento realizado pelo Creas que, por sua vez, tem o papel de localizar a família e trabalhar para fortalecer os vínculos rompidos, muitas vezes conseguindo reinseri-los no próprio núcleo familiar.

Além de todas as ações mencionadas, regularmente acontecem intervenções conjuntas entre as secretarias participantes do Protocolo Intersetorial de Atendimento — Assistência Social, Direitos Humanos e Trabalho; Políticas sobre Álcool e Drogas; Saúde e Ordem e Mobilidade Urbana — bem como reuniões de avaliação destas ações e planejamento de tantas outras, inclusive, em parceria com a Polícia Militar, quando detectada a presença de elementos violentos que portem armas brancas ou de fogo.

É imprescindível que a população de Nova Friburgo compreenda que as pessoas em situação de rua, muitas vezes, permanecem nesta situação porque encontram formas de manutenção através da esmola farta e assim, preterindo a família, tratamento e a inserção no mercado de trabalho devido às 'facilidades' encontradas na rua.​”

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