Por Max Wolosker
Tinha começado a escrever sobre o desejo do governo em limitar a ação do TCU (Tribunal de Contas da União), ao restringir seu poder de fiscalização apenas às obras já entregues, sem poder acompanhar o passo a passo da gastança institucionalizada. Pelo menos este é o pensamento do relator, Wellington Roberto (PR-PB), integrante da base governista, ao querer que a lei deixe claro que o TCU não tem poder de paralisar obra pública, mesmo que a fiscalização encontre indícios de irregularidades graves. Num país em que impera a corrupção entre governo e governados, em que José Dirceu foi chefe da Casa Civil, em que uma ex-terrorista é candidata à Presidência e Luiz Inácio (Lula) é chamado de estadista, nada mais nos surpreende.
No entanto, por falta de atenção apaguei o artigo inteiro e ao tentar recomeçar, dei de cara com o atual affaire brasiliense, agora sob os auspícios de Arruda, governador de Brasília, pertencente ao DEM. Aliás, o PT já teve seu nome inscrito nas páginas policiais, a seguir foi o PSDB, agora o DEM, quem será o próximo nessa lista interminável de escândalos que não denigre ninguém, pois se tornou fato tão corriqueiro como pulga em cachorro. Como o povo tem memória curta, não custa lembrar que Al Arruda (qualquer semelhança com Al Capone não é coincidência) era um dos senadores que estavam envolvidos no escândalo do painel do senado, quando ele e Antonio Carlos Magalhães perderam os respectivos mandatos. Agora, após anos de aprendizado, comanda o mensalão do Distrito Federal, e como todo cara de pau se defende dizendo que essa história é intriga da oposição, despeito de empresários que não fizeram parte do esquema.
A política brasileira não difere, em sujeira, das demais não importa a classificação dos países, se de primeiro ou terceiro mundo, como veremos na historinha que termina esse artigo. A diferença está em que nos países sérios, quem é pego em flagrante delito, ao ser cassado, o é em definitivo. Aqui, para evitar punição o sacripanta renuncia e volta na próxima eleição vangloriando-se de ser campeão de votos. A triste realidade mostra que ele não tem votos, mas sim o poder de comprar votos, pois apesar da dita fiscalização do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o caixa 2 ainda é o grande eleitor brasileiro.
Li e concordo com uma carta dos leitores, do jornal O Globo, em que o missivista prega o fim das reeleições intermináveis de vereadores, deputados e senadores, para tentar dar fim a essa sucessão de fatos lamentáveis. Ao se tornarem políticos profissionais perdem o sentido do seu papel de representantes do povo, e passam a defender apenas os seus interesses.
A historinha que se segue nos foi contada por um motorista de táxi no trajeto do hotel ao aeroporto de Fortaleza: “Um deputado brasileiro estava ‘a serviço’, na Alemanha, quando foi convidado a visitar a casa de um parlamentar daquele país. Ao se espantar com o luxo da residência, perguntou se ele ganhava bem. Respondeu-lhe o colega: ”Está vendo aquela estrada logo ali em frente? Diante da resposta afirmativa do brasileiro completou, pois é, 20% do que foi gasto na obra estão aqui na minha casa”. Alguns anos depois, o deputado alemão retribuiu a visita e ao conhecer a mansão cinematográfica do deputado brasileiro quis também saber se ele era muito bem remunerado. A resposta foi: “Está vendo aquela estrada que passa ali em frente? Não, respondeu espantado o alemão, nem eu retrucou o parlamentar brasileiro”. Não é preciso dizer para onde foi a verba da estrada.
Na próxima eleição vote com consciência; é preferível anular o seu voto a reeleger o lixo de sempre.
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