Na última semana, quem tentou retirar correspondências e encomendas no Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) dos Correios, em Nova Friburgo, não conseguiu porque o atendimento ao público no setor foi interrompido. Comunicados afixados nos dois portões de acesso à unidade, nas ruas Dante Laginestra e Prefeito José Eugênio Muller, no Centro, informam que os clientes devem aguardar a entrega em domicílio pelos carteiros. Muitos clientes, no entanto, denunciam que há alguns meses, não recebem as correspondências com regularidade. Muitas contas chegam com atraso, gerando pagamentos com multas, ou até mesmo extraviam.
“Esta unidade não dispõe de atendimento interno. As correspondências e encomendas devem ser ser aguardadas no endereço”, diz o texto assinado pela gerência no portão do CDD que antes atendia ao público, das 13h às 17h. As agências da cidade, porém, funcionaram normalmente na última semana. A VOZ DA SERRA esteve na última sexta-feira, 22, no CDD, mas não conseguiu contato com a gerência da unidade. Os portões estavam fechados. Carteiros abordados pela equipe de reportagem não quiseram falar ou não souberam informar o que aconteceu.
“O Centro de Distribuição tem que abrir para os clientes. Não sabíamos que isso estava acontecendo. Pelo menos por um determinado horário, a unidade tem que entregar correspondências ou encomendas para quem vai buscá-las diretamente no CDD”, disse Leônidas da Silva, secretário do Sindicato dos Trabalhos do Correios do Rio de Janeiro (Sintect-RJ) para interior do estado.
Com déficit de 16 carteiros, a interrupção do serviço em Friburgo pode ter ocorrido devido à falta de mão de obra, que causa atrasos nas entregas. A VOZ DA SERRA já mostrou este ano que encomendas acabaram extraviadas e, para piorar, há regiões da cidade onde carteiros não vão, por isso, clientes precisam ir ao Centro de Distribuição para retirá-las. O CDD também atende a Sumidouro, Carmo e Duas Barras.
Em nota, os Correios confirmaram que o atendimento na unidade foi suspenso, mas temporariamente. “As providências já estão sendo tomadas para que seja normalizado em breve. As entregas domiciliares das encomendas estão sendo realizadas dentro do prazo”, informou em nota.
Greve e crise
Até a última sexta-feira, 22, trabalhadores dos Correios no estado não haviam aderido à greve nacional que começou na quarta-feira, 20. A paralisação parcial, com redução de funcionários nas agências, chegou a 21 estados mais o Distrito Federal e afetou principalmente a distribuição, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Já a Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), que representa os funcionários da empresa no Rio de Janeiro, vai realizar uma assembleia hoje, 26, para definir se adere ao movimento. Na pauta de reivindicações consta a falta de mão de obra, as condições precárias de trabalho, mudanças no plano de saúde, a ameaça de demissão devido à crise, entre outras.
Os Correios enfrentam uma severa dificuldade financeira e vem reduzindo gastos para melhorar a lucratividade. Nos últimos dois anos, tiveram prejuízos que somam cerca R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal. Em 2016, pelo menos 5,5 mil funcionários aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). A meta era oito mil. Além disso, em março deste ano, a estatal anunciou o fechamento de 250 agências em cidades do país com mais de 50 mil habitantes. Em Friburgo, a de Lumiar foi fechada em maio. A cidade conta agora com cinco agências. O governo Michel Temer afirmou recentemente que se a empresa não conseguir equilibrar as contas, deverá ser privatizada.
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