No último domingo, 5, o comandante do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, coronel Roberto Robadey, postou um gráfico em seu perfil no Facebook mostrando que, em um período de 24 horas, 25% das chamadas de emergência ocorridas entre os últimos dias 4 e 5, foram trotes.
De acordo com o comandante, foram 1.300 ligações falsas em um dia. “Certamente este fato atrapalhou a performance dos 1.158 atendimentos reais (490 do Corpo de Bombeiros e 668 do Samu, na capital fluminense). Raramente caímos no trote. O sistema de confirmação evita isso, mas também toma segundos preciosos do tempo-resposta a uma ocorrência real de emergência”, postou Robadey.
Em Nova Friburgo, de acordo com as informações do aspirante a oficial Johnson, em média, são 114 chamadas falsas registradas no quartel dos bombeiros, o 6ºGBM, por mês. “A incidência destas ocorrências aumentam durante os fins de semana, período em que as crianças não se encontram na escola. Para identificar os trotes, temos uma equipe treinada para a abordagem a esse tipo de situação. Eles utilizam um protocolo de perguntas que consegue classificar a ação de trote, assim como a utilização de identificador de chamadas para poder confirmar a ligação do solicitante”, disse o aspirante.
“Para os adultos, nós ministramos a semana de prevenção, que consiste em convidar a população para receber uma série de instruções abordando temas como prevenção de incêndios e primeiros socorros para que possam nos auxiliar nos diversos eventos que a nossa unidade atende”, explicou Johnson.
O bombeiro explica as graves consequências das falsas ligações. “O trote, quando não identificado, traz um custo financeiro por desprender nossas viaturas e bombeiros à um local onde não há necessidade, além de aumentar nosso tempo-resposta caso haja um real evento em ocorrência simultânea, o que é a nossa maior preocupação”, observa o militar.
É crime?
De acordo com o artigo 340 do Código Penal - Decreto Lei 2.848/40: Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado, rende como pena a detenção, de um a seis meses, ou multa. Além disso, se algum profissional se machucar ou até morrer a caminho de um falso atendimento, a pessoa que passou o trote também é responsabilizada.
Desabafo
Em maio deste ano, um vídeo de desabafo com três bombeiros de Botucatu-SP, ganhou as redes e viralizou na internet. Tendo a própria viatura em movimento como palco e seus parceiros de equipe de resgate como “elenco”, um dos bombeiros pegou o celular e fez uma espécie de desabafo contra esse tipo de situação.
"Hoje atendemos várias ocorrências, mas este já é o quarto trote que nos fez sair do quartel para absolutamente nada. Esse serviço de resgate, mas também do Samu e da Polícia Militar, é de grande valia para a população. Por isso, não passem trotes. A gente agradece”, disse o bombeiro na gravação. O vídeo, ganhou apoio da própria corporação e expõe um problema que desde muito tempo preocupa os diversos serviços de emergência.
Deixe o seu comentário